O desmatamento no Amazonas cresceu 6% nos seis primeiros meses de 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O levantamento detalha que, neste primeiro semestre, o total da área desmatada passou de 500 quilômetros quadrados.
De acordo com os dados do Inpe, entre janeiro e junho de 2019, foram desmatadas no Estado 488,1 km² de área. Em 2020, de janeiro até a última atualização dos avisos de desmatamento do site, que data de 25 de junho, o total de área desmatada é de 517,79 km².
O professor e pesquisador Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), disse ao G1 que o aumento no desmatamento é consequência da redução de políticas públicas de combate à exploração ilegal de recursos naturais. Segundo ele, a tendência é aumentar ainda mais. Fearnside informou que, começando o mês de junho, a região entra na época da seca, que é propícia para desmatar.
Além disso, medidas que permitem a exploração de recursos naturais, como a MP da Grilagem, que regulariza terras ocupadas por grileiros, são apontadas pela comunidade científica como incentivo a essas ações. O aumento do desmatamento acontece após o Amazonas registrar, no ano passado, um aumento histórico no número de queimadas.
Diante do avanço, o Governo do Estado chegou a decretar, no mês de maio, situação de emergência ambiental na Região Metropolitana de Manaus e nos municípios da região sul do Amazonas. A medida ocorreu após aumento no número de alertas de desmatamento. No mesmo mês, foi autorizado por meio do Decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) o envio de tropas das Forças Armadas para combater focos de incêndio e desmatamento na Amazônia Legal.
Aumento de queimadas
O pesquisador explica que o desmatamento está relacionado, também, com a quantidade de queimadas, que seguiram em crescimento, segundo dados do Inpe. Entre janeiro e junho, o Amazonas registrou 496 focos de queimada, contra 327 no mesmo período do ano passado, segundo os dados.
O aumento levou o governo de Jair Bolsonaro a anunciar que vai decretar nos próximos dias uma “moratória absoluta”, ou seja, proibição total das queimadas na região da Amazônia por 120 dias. A informação foi divulgada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia, órgão colegiado com 14 ministérios sob sua coordenação. Segundo Mourão, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles já está produzindo o decreto, que deve ser encaminhado ‘o mais rápido possível’ para avaliação do Palácio do Planalto.