O Flamengo de Tite mais uma vez deu claras demonstrações de esgotamento, não apenas físico, mas principalmente tático, e acabou atropelado pelo Botafogo. O jogo aconteceu neste domingo (18), no Engenhão, numa partida que acabou em 4 a 1 para os donos da casa.
O primeiro gol saiu logo aos 2 minutos. Após cruzamento do lado esquerdo, Mateo Ponte apareceu livre nas costas da lateral esquerda rubro-negra e abriu o marcador. O gol, inclusive, aconteceu de maneira muito semelhante à partida contra o Palmeiras. Na ocasião, o alvinegro marcou contra os paulistas após uma bola lançada na segunda trave, pegando as costas do lateral.
Apesar dos desfalques, com Pedro, Gabigol, Luiz Araújo e De La Cruz ( que não saiu do banco), o time apresentava limitações táticas. Mais uma vez carecendo de articulações pelo meio campo, Léo Ortiz tirou “um coelho da cartola” ao dar um passe magistral para Bruno Henrique, que empatou o jogo.
O passe, aliás, foi de maneira semelhante ao passe de Kroos para Vini Jr, contra o Bayern de Munique, na Champions League deste ano. Contudo, o empate não foi suficiente. Se no primeiro tempo o Mais Querido sofreu pela lateral esquerda, no segundo tempo foi a vez de Wesley passar sufoco. Luís Henrique, por exemplo, foi soberano nas disputas individuais.
A VIRADA
No segundo tempo, Tite fez mexidas que repercutiram muito mal, como a saída de Ortiz, até então o melhor em campo. O desempate veio aos oito minutos, após uma jogada de Almada, que passou por Wesley e chutou. A bola bateu em Léo Ortiz, depois em David Luiz e sobrou para o atacante Igor Jesus, que empurrou para as redes da pequena área.
Aos 21 minutos, o Botafogo quase estendeu o placar. Depois de um lance revisado no VAR, o árbitro marcou um pênalti, mas Rossi defendeu o chute de Tiquinho Soares. Aos 26, Rossi fez outro chute de Savarino. Aos 33′, Matheus Martins apareceu livre na área e finalizou nas mãos de Rossi, destaque do Flamengo no clássico.
Achou pouco?! Quando o relógio marcava 38′, não teve jeito. Savarino cruzou da direita, e Matheus Martins matou o jogo: 3 a 1. Matheus ainda fez o quarto, nos acréscimos: 4×1.
Fracassa y Fracassa
Independentemente da ausência de determinados titulares, o resultado de hoje vai muito além de questões fisiológicas. O treinador, que não ganha nenhum título relevante há pelo menos 9 anos (a menos que considerem a Copa América de 2019), prefere jogar a desculpa pelo fracasso no calendário. Adenor, porém, se esquece que o calendário é equânime para todos os demais clubes. Botafogo foi a campo com os titulares e, assim como o Flamengo, eles também disputam uma Libertadores.
Tite é um treinador muito ortodoxo na sua filosofia de jogo, talvez por esta razão tenha sido eliminado em duas quartas de final da Copa do Mundo. Sua metodologia de jogo, que espeta os pontas e afasta os atacantes dos meio-campistas dificulta a criação de jogadas. O Flamengo não possui elenco para fazer um jogo de posição fundamentalista e o treinador não privilegia as características do elenco.
Em 2018, Tite preteriu Firmino a Gabriel Jesus, um centroavante que era usado para marcar jogador ao invés de fazer gols. Na época, o ex-atacante do Liverpol era, até então, o melhor centroavante brasileiro. E, se na Copa do Mundo retrasada o time fazia um jogo de posição ‘duro’, em 2022 o treinador conseguiu ser pior.
Adenor subaproveitou Vini Jr ao colocá-lo preso na ponta para marcar lateral, ao invés de fazer um jogo de cadência e criação no meio campo. Não acredita? Veja a jogada que gerou o gol contra a Croácia.
Em quase todo o jogo, o time não aproveitou os espaços pelo meio campo e apostou no jogo de correria. Por mais de 90 minutos, Tite armou o elenco para jogar de maneira reativa e espaçada. No segundo tempo, tirou o melhor atacante, na época, e pôs Rodrygo, que foi nulo pelo lado direito.
Ao chegar no Flamengo, Tite repete os velhos erros. Ignorância? Não. Teimosia? Talvez. Fracassou nas Copas e tem tudo para fracassar no Flamengo.