O pastor de uma igreja evangélica foi denunciado à polícia por suspeita de estuprar três adolescentes em Manaus. Segundo Boletim de Ocorrência (BO), registrado na sexta-feira (24), na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), o homem de 48 anos teria feito três vítimas no ano de 2009. Onze anos depois, os rapazes se uniram e trouxeram o caso à tona.
Conforme consta no BO, na época do fato, as vítimas tinham 9, 13 e 16 anos, respectivamente. Os crimes foram cometidos no bairro Santo Antônio, na Zona Sul de Manaus. As vítimas, atualmente com 21, 26 e 29 anos, contaram ao G1 que os atos aconteciam na igreja, quando outros membros não estavam por perto, e também na casa do pastor, para onde os jovens eram atraídos com o convite de realizarem estudos bíblicos.
Uma das vítimas relatou que, no começo, “não via maldade nos atos do homem”, mas depois eles passaram a ser mais frequente. Além disso, o jovem descobriu que o mesmo já havia acontecido com outros adolescentes.
“A princípio não parecia nada sexual, eu pensei inclusive que era uma coisa da minha cabeça, eu que estava vendo maldade onde não tinha. Outro dia, eu fui beber água e ele apareceu do nada e me beijou. Eu fiquei em choque, paralisado e não sabia o que fazer. Acho que ele me viu entrando em desespero e falou que era um ‘Ósculo Santo’, tipo como se fosse um beijo santo, sem maldade”, comentou.
Segundo as vítimas, o pastor se aproveitava dos momentos em que ficava sozinho com os adolescentes na igreja ou na própria casa. A denúncia de estupro de vulnerável aponta que os abuso do pastor envolvia beijos, carícias e atos sexuais sem o consentimento dos jovens.
Outra vítima contou que os abusos começaram quando ela tinha 16 anos, na ocasião em que foi convidada para ornamentar a sala de jovens.
“Eu achava que ele só queria a minha ajuda, mas quando ficamos sozinhos, ele apagou a luz da sala e me abraçou. Na hora eu fiquei sem reação e paralisei ali, então ele foi descendo a mão e começou a pegar na minha bunda e tentar me beijar, mesmo eu dizendo não. Daí em diante, começou a acontecer com frequência, eu sempre ficava em choque, não sabia o que era aquilo, ou por qual motivo aquele homem que era o meu pastor estava fazendo aquilo”, contou.
Anos após os crimes, os três homens decidiram denunciar os atos que eles sofreram durante a infância e adolescência. Eles acreditam que os crimes ainda acontecem contra outras crianças e adolescentes.
A delegada Joyce Coelho, titular da Depca, informou que detalhes sobre o caso não poderão ser repassados, no momento, para não atrapalhar o andamento dos trabalhos policiais. O caso foi registrado na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), onde uma investigação está sendo conduzida.