Com mais de 120 enxadristas, Manaus Chess Open e o Campeonato Brasileiro de Xadrez nos ritmos Rápido e Blitz encerraram as rodadas nesta quinta-feira (17/10), no Novotel, Distrito Industrial. O Grande Mestre Rafael Leitão alcançou o lugar mais alto no pódio do Aberto do Manaus Chess Open. Ele alcançou 7,5 pontos, a mesma pontuação do GM Alexandre Fier, mas levou a melhor no critério de desempate. Fier ficou em segundo lugar e GM argentino Alexandre Hoffman em terceiro.
De acordo com o Diretor Técnico da competição, Mauro Amaral, GM Rafael Leitão
“Essa vitória consolida ainda mais a posição de Rafael como um dos maiores nomes do xadrez brasileiro, mostrando sua consistência e habilidade em torneios de alto nível”.
Para o campeão do Manaus Chess Open, sua participação na competição consolida o trabalho que vem desempenhando ao longo da última temporada.
“Nós temos poucos torneios atrativos no Brasil e o Manaus Chess Open é um torneio que alcançou um grande marco entre as competições nacionais. Eu o vejo como uma competição muito importante e estou muito feliz de levar o título de campeão de 2024. É um resultado que consolida todo a trajetória que traçamos para este ano”, destacou.
Campeonato brasileiro de xadrez
Neste ano, Manaus recebeu simultaneamente partidas do Rápido e Blitz do Campeonato Brasileiro de Xadrez, organizado pela Confederação Brasileira da modalidade. O Grande Mestre Renato Quintiliano, que foi o venceu do Manaus Chess Open de 2022 e 2003, consagrou-se campeão do Rápido e Nathan Filgueiras campeão do Blitz.
Foram sete dias de disputas acirradas envolvendo atletas do mundo inteiro bem no meio da Amazônia. Iniciantes, jogadores e grandes mestres travaram batalhas uns contra os outros no tabuleiro.
“Foram dias de rodadas históricas no xadrez. Uma oportunidade única de ver jovens que estão iniciando no sonho de ser um atleta jogando lado a lado de grandes mestres do xadrez. Estamos muito felizes de receber o Campeonato Brasileiro do Rápido e do Blitz, e agora queremos trazer para cá a final do Absoluto. Se isso acontecer será um marco histórico para o Norte do País, já que em cem anos de existência da Confederação Brasileira de Xadrez nunca houve uma final dessa aqui”, destacou o presidente da Federação Amazonense de Xadrez (FAX), Rudson Peixoto.
Para o mestre FIDE, Lucas Cardoso, que participou da Olimpíadas de Xadrez em Budapeste, em setembro deste ano, participar de um grande evento no meio da Amazônia foi uma grande experiência.
“Sem dúvidas o evento em Manaus foi enriquecedor, tanto culturalmente quanto profissionalmente. Aqui tivemos a oportunidade de jogar contra grandes mestres e também contribuir com dicas e experiência de vida com os jovens que estão iniciando a carreira no xadrez”.
Novos talentos
Jovens alunos demonstraram talento e paixão pelo xadrez no Manaus Chess Open e no Campeonato Brasileiro de Xadrez. No último ano, vimos um aumento no número de crianças alcançando resultados extraordinários na modalidade. Entre os destaques do Amazonas está o jovem Samuel Gomes, de 19 anos.
Ele que tinha o sonho de se tornar jogador de futebol, mudou de carreira após assistir a Série “O Gambito da Rainha”.
“Eu já estava treinando para ser um jogador de futebol profissional, como é o sonho da maioria dos jovens brasileiros. Mas, durante a pandemia, eu fiquei trancado em casa e para passar a ansiedade comecei a assistir filmes e séries. Num desses dias eu coloquei a série e me apaixonei pelo xadrez já nos primeiros capítulos. Aqui era um mundo inimaginável para mim. Na hora senti vontade de conhecer o esporte e ser igual aquela jogadora”.
Samuel começou a ver vídeos no YouTube para saber mais sobre o xadrez. Ele pegou dicas com grandes mestres e começou a jogar virtualmente. Ele participou das três edições do Manaus Chess Open, mas este ano teve a experiência de jogar contra grandes mestres.
“Foi uma oportunidade de ver que meus sonhos podem se tornar realidade. Vou continuar estudando e participando de outras competições para quem sabe um dia chegar a ser um GM para representar o Amazonas pelo mundo”.
Inclusão
Um dos objetivos da FAX foi tornar o Manaus Chess Open inclusivo. No primeiro ano, recebemos jogadores que faziam o uso de cadeiras de rodas. Em 2024, o torneio recebem atletas com deficiência visual.
O casal Carlos Marcelo Spindola e Marcia María Lopes, jogou de igual para igual com os demais competidores. O xadrez para pessoas com deficiência visual tem adaptações. Em vez de um tabuleiro, são usados dois (um normal e outro em braille). Cada jogador precisa reproduzir a jogada anunciada pelo adversário – que grava cada movimento ao invés de anotar na ficha oficial do torneio.
De acordo com Maria, as casas pretas têm altura diferente das brancas, bem como as peças de uma das cores se distinguem no tato — normalmente são ásperas. Abaixo delas, há pinos para que fiquem presas a pequenos buracos no tabuleiro. É para não cair enquanto o enxadrista faz a leitura de jogo com as mãos. Na borda do tabuleiro, ainda estão escritos em braile o número e a letra a que corresponde cada casa.
“A única diferença do jogo feito pelas pessoas com deficiência visual dos demais é que a regra do ‘tocou, jogou’ não se aplica. Se nós levantarmos a peça, daí sim é preciso completar a jogada”, explicou a jogadora