Um trabalhador rural de 42 anos, chamado Francisco do Nascimento de Melo, morreu a tiros, enquanto a vítima tentava proteger o filho, em Boca do Acre, interior do AM. O assassinato aconteceu na última terça-feira (15).
O portal Amazonas Digital obteve acesso exclusivo às informações. No dia do crime, o cunhado da vítima relatou que saiu à caça com Francisco para pegar um porco do mato, na comunidade Recreio do Santo Antônio, distante 37 km do município.
Durante o trajeto, a vítima e o cunhado adentraram à área do fazendeiro, identificado apenas como Valdir, pois sua fazenda interliga-se às outras. Francisco, então, pediu a ele que seguisse em frente, pois apanharia alguns limões com Victor, seu filho de 14 anos. Enquanto o homem retornava de moto para a sua casa, ele passou pelo fazendeiro, próximo a um curral.
Valdir, que estava acompanhado de seus capatazes, questionou o cunhado da vítima: “Rapaz, tu quer matar meus patos [do mato] é?”, mas a vítima respondeu que não precisava disso, pois não tinha esse “mal costume”, e seguiu a diante com seu filho na moto.
Minutos depois, Francisco, que também é conhecido como ‘Cafú’, passou pela frente do fazendeiro e este o interrompeu e o questionou. De acordo com testemunhas, Valdir tinha uma rixa com ‘Cafú’ pois o acusava de roubo. “Isso nunca aconteceu [roubo]. O Cafú é de uma família nobre em Boca do Acre, a família Balbino.”, relatou uma testemunha que não quis se identificar.
Em seguida, o fazendeiro tentou agredir o adolescente, mas Francisco o protegeu. Neste momento, Valdir efetuou um disparo na região pélvica do trabalhador, que não resistiu aos ferimentos e morreu na frente do próprio filho.
Um homem de “espírito ruim”.
De acordo com Emily, que é casada com o cunhado da vítima, após o crime, o próprio fazendeiro mandou que sua companheira desse apoio à família de Francisco. Valdir é descrito como um homem sem escrúpulos, de “espírito ruim” e que esta não é a primeira vez que o fazendeiro comete um crime parecido.
“Eu vinha dentro do carro com a mulher de Valdir e ela relatou que, segundo o fazendeiro, o disparo não foi para matar, apenas para ‘assustar’. Ela segurou a minha mão, pedindo forças, pois é uma mulher da igreja e disse que Valdir tem um “espírito ruim”. A companheira dele não aguentava mais as agressões sofridas contra ela e os filhos. Sem falar que Valdir já cometeu crimes parecidos três vezes e, em um dos casos, ele atirou contra a perna de um homem e mandou que a esposa desse assistência. Além disso, o fazendeiro também tem pessoas que fazem isto por ele.”, disse a mulher.
Após o assassinato, a companheira de Valdir se encarregou de providenciar um caixão para o corpo de Francisco, a mando do próprio companheiro. “Ela que comprou o caixão. Eu tenho até vídeo de quando ela chegou com meu esposo na caminhonete do Valdir.”, afirmou.
Informações preliminares também apontam para um possível conflito envolvendo disputa de terra. A comunidade, inclusive, já solicitou ajuda ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, mas até hoje segue sem resposta. Em outras ocasiões, Francisco ameaçou outras famílias na área e buscava reivindicar incessantemente a posse da terra onde Francisco trabalhava.
Francisco deixa quatro filhos, uma jovem de 18, um adolescente de 14 anos e mais duas filhas, de 6 e 8 anos. O fazendeiro é considerado foragido e a família do trabalhador rural clama por justiça.