O tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid confirmou, em depoimento ao STF nesta segunda-feira (9), que Jair Bolsonaro editou a minuta do suposto golpe de Estado. A tentativa ocorreu entre o fim de 2022 e o início de 2023. Segundo Cid, o então presidente leu o documento e o “enxugou”, ou seja, reduziu seu conteúdo e modificou trechos importantes.
De acordo com o ex-ajudante de ordens, Bolsonaro retirou do texto a previsão de prisão de várias autoridades. No final, manteve apenas a detenção do ministro Alexandre de Moraes. “Ele basicamente tirou as autoridades das prisões. Somente o senhor Moraes ficaria como preso. O resto, não”, declarou Cid.
Além disso, o militar relatou que o texto original possuía cerca de 10 páginas, com extensos “considerandos”. O documento apontava possíveis interferências do STF e do TSE no governo Bolsonaro e no processo eleitoral. Foram citados ministros do Supremo, o presidente do Senado e o da Câmara dos Deputados.
Cid também afirmou que houve a apresentação do documento ao presidente em duas ou três reuniões. Em todas elas, Bolsonaro teria demonstrado conhecimento do conteúdo e feito alterações pontuais.
Momentos antes, Mauro Cid reafirmou que todas as declarações prestadas à Polícia Federal ocorreram de forma espontânea. Ele negou ter sofrido qualquer tipo de pressão.