Uma reportagem do Jornal Nacional mostrou nessa sexta-feira (18) que imposição de tarifas sobre produtos brasileiros por Donald Trump surpreendeu diplomatas e analistas. No entanto, movimentos suspeitos no mercado de câmbio indicam que algumas pessoas já sabiam do anúncio e lucraram com isso.
Compra bilionária de dólares horas antes do anúncio
Guarde este horário: 16h17, no dia 9 de julho. Foi quando Trump publicou, em suas redes sociais, o anúncio de tarifas de 50% contra o Brasil. A notícia foi uma surpresa até para seus assessores mais próximos.
Porém, o gráfico da cotação do dólar mostra algo estranho. Às 13h30, três horas antes do anúncio, alguém comprou entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões, apostando contra o real. A cotação do dólar passou de R$ 5,46 para R$ 5,60 logo após o comunicado.
Segundo Spencer Hakimian, gestor de um fundo em Nova York, essa transação não seguiu os padrões normais do mercado. Ele afirma que alguém quis agir rápido e sem chamar atenção.
Lucro milionário em três horas
A venda dos dólares comprados antes do anúncio pode ter rendido até 50% de lucro em poucas horas. Para Spencer, só alguém com informação privilegiada poderia fazer um movimento tão certeiro.
“Não é o padrão normal de transações com o real naquele dia”, afirmou. “Vamos ter que esperar para descobrir quem foi.”
Padrão se repete em outros países
Casos semelhantes aconteceram em outros anúncios de tarifas feitos por Trump. Moedas da África do Sul, União Europeia, México e Canadá também sofreram fortes oscilações logo antes dos comunicados oficiais.
Em outro episódio, no dia 9 de abril, Trump publicou no X (antigo Twitter):
“É uma hora excelente pra comprar!”.
Horas depois, anunciou uma pausa nas tarifas. A bolsa subiu, e quem comprou cedo, ganhou muito dinheiro. Trump chegou a comentar que bilionários ganharam juntos mais de US$ 3 bilhões com essas movimentações.
Suspeitas de manipulação e uso de informação privilegiada
O caso levantou suspeitas no Congresso dos EUA. Parlamentares democratas pediram investigação sobre o possível uso de informação confidencial por aliados de Trump.
A imprensa americana também repercutiu a denúncia. O New York Times questionou:
“Trump teria manipulado o mercado financeiro?”
A Casa Branca negou favorecimento, mas o comportamento do mercado é claro: alguém agiu com antecedência e lucrou alto.
Investigação é improvável, dizem especialistas
De acordo com o professor Paul Johnson, da Fordham University, a transação feita no dia do anúncio não foi coincidência. Ele afirma que a pessoa sabia da informação, sabia o que fazer com ela e o momento exato para agir.
Mas, segundo Johnson, as chances de investigação são mínimas. Os órgãos responsáveis — como o Departamento de Justiça e a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) — estão subordinados ao governo federal, então não devem investigar atos ligados à administração Trump.