O presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu um jantar na quinta-feira, 31, com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A intenção era demonstrar apoio a Alexandre de Moraes, alvo de sanções internacionais pela Lei Magnitsky, mas o encontro revelou o oposto: o STF está dividido.
Ministros decidiram não comparecer ao jantar por dois motivos claros. Primeiro, evitaram a exposição política de suas imagens ao lado de Lula, que tem usado a retórica da soberania nacional para recuperar sua popularidade. Segundo, muitos temem que o desgaste político de Moraes contamine suas próprias reputações, especialmente após os episódios relacionados às punições do 8 de janeiro.
Nos bastidores, cresce o desconforto entre os magistrados com a postura de Alexandre de Moraes. Desde que ele aplicou penas consideradas excessivas aos envolvidos nos atos antidemocráticos, ministros vêm demonstrando reservas — mesmo que discretamente. Apenas Luiz Fux falou publicamente, criticando a punição imposta à cabeleireira Debora Rodrigues como exagerada.
A nota oficial do STF, publicada na quarta-feira, após a imposição das sanções, foi fria e protocolar — bem diferente do tom costumeiramente adotado pela Corte. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, admitiu em entrevista que a intenção era justamente reduzir tensões, enquanto Moraes teria defendido uma resposta mais dura.
A expectativa é que, nesta sexta-feira, 10, com o fim do recesso do Judiciário, o ministro Alexandre de Moraes apresente sua versão dos fatos em plenário. Essa sessão deve marcar o único gesto público de desagravo ao ministro. Fora isso, o STF parece disposto a manter distância.
Como afirmou um especialista durante o programa “Meio-Dia em Brasília”, Moraes tornou-se uma “pessoa radioativa” — e seus colegas de toga preferem não se contaminar.