32.3 C
Manaus
4 de agosto de 2025
DestaquesMundo

Dividida, esquerda boliviana vê direita liderar corrida presidencial de 2025

Com Evo Morales defendendo o voto nulo e o MAS fragmentado, megaempresário Samuel Medina lidera as pesquisas; eleições ocorrem em 17 de agosto

© REUTERS/Danilo Balderrama

A Bolívia se prepara para as eleições gerais no próximo 17 de agosto, marcada por uma profunda divisão na esquerda e o avanço da direita nas intenções de voto. O país elegerá presidente, vice, 130 deputados e 36 senadores, em um cenário político inédito desde a ascensão do Movimento ao Socialismo (MAS) ao poder, em 2006.

Evo Morales defende voto nulo e ataca antigos aliados

Impedido de concorrer por já ter cumprido três mandatos, o ex-presidente Evo Morales se posicionou contra os atuais nomes do MAS e passou a incentivar o voto nulo. Ele também denuncia perseguição política enquanto responde a uma acusação de estupro de menor, a qual nega.

Além disso, bloqueios de estradas promovidos por seus apoiadores em junho deixaram ao menos quatro mortos, aumentando ainda mais o desgaste do movimento que o consagrou por quase duas décadas.

Esquerda rachada e queda de popularidade

O atual presidente Luis Arce, desgastado por uma crise econômica, desistiu da reeleição e lançou como sucessor o ex-ministro Eduardo De Castillo, que aparece com apenas 2% nas pesquisas.

Outros nomes da esquerda como Andrónico Rodríguez, ex-presidente do Senado, e Eva Copa, prefeita de El Alto, também enfrentam baixa adesão. Andrónico caiu para cerca de 6% nas intenções de voto, enquanto Copa desistiu da candidatura por falta de estrutura nacional do partido recém-criado, Morena.

Segundo o professor Clayton Mendonça Cunha Filho (UFC), Evo “implodiu o partido” ao insistir em ser o único representante legítimo do MAS. O especialista alerta que o partido pode não alcançar a cláusula de barreira de 3%, tornando-se minoritário no parlamento.

“O MAS, que era uma frente ampla com diversos movimentos sociais, sindicatos e indigenistas, foi desestruturado pelo personalismo de Evo”, analisa Cunha.

Direita lidera pesquisas com Samuel Medina

Na ausência de uma candidatura sólida da esquerda, a direita ocupa os primeiros lugares nas pesquisas com Samuel Medina (Alianza Unidad) e Jorge “Tuto” Quiroga (Alianza Libertad Y Democracia). Juntos, somam cerca de 47% das intenções de voto, segundo levantamento publicado pelo jornal El Deber.

Medina, favorito até o momento, é um megaempresário que foi ministro na década de 1990 e já disputou a presidência em 2014, ficando em segundo lugar. Já Quiroga, ex-presidente entre 2001 e 2002, representa a direita tradicional e foi vice de Hugo Banzer, além de porta-voz internacional no governo interino de Jeanine Áñez.

Possível segundo turno e teste para Constituição de 2009

De acordo com a lei eleitoral da Bolívia, um candidato vence no primeiro turno com mais de 50% dos votos ou 40% com 10 pontos de vantagem sobre o segundo colocado. Como os dois principais candidatos da direita ainda não ultrapassaram essa margem individualmente, um segundo turno em 19 de outubro é considerado provável.

Essa será a primeira eleição presidencial em que o vencedor não terá participado da criação da Constituição de 2009, que instituiu o Estado Plurinacional da Bolívia, dando protagonismo aos povos indígenas.

“Será um teste de fogo para a nova institucionalidade”, destaca Cunha. “Mesmo um governo de direita deverá negociar com outras forças e terá dificuldade para desmontar esse modelo.”

 

 

Leia mais

Em acesso de ciúmes, lutador drogado espanca namorada e acaba preso em Rio Preto da Eva

Matheus Valadares

Maria do Carmo confunde Rio Negro com Rio Amazonas durante manifestação na Ponta Negra

Matheus Valadares

Daniela Lima é demitida da GloboNews após dois anos e se pronuncia nas redes sociais

Matheus Valadares

Ao continuar navegando, você concorda com as condições previstas na nossa Política de Privacidade. Aceitar Leia mais

Ao utilizar este conteúdo, não esqueça de citar a fonte!