O pastor Silas Malafaia atribuiu a supostos infiltrados de esquerda a presença de uma bandeira gigante dos Estados Unidos na manifestação pró-Bolsonaro deste domingo (7), na Avenida Paulista, em São Paulo. O líder religioso criticou duramente a exibição do símbolo estrangeiro e disse que a ação teve como objetivo desmoralizar o evento.
“A minha vontade era pedir para arrancar [a bandeira]. Esse pessoal não tem noção nenhuma. Sou 100% contra. Parece que eu estava adivinhando que a Globo tiraria uma foto grande com a bandeira [norte-americana]”, afirmou Malafaia em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
O pastor levantou a hipótese de que o episódio tenha sido armado por militantes opositores: “A minha ficha está caindo. Quem garante que não foi gente da esquerda que plantou aquilo ali para desmoralizar o evento? Pode ser até bolsonarista que não pensa. Mas pode ser também uma armação deles. Eles são terríveis”, disse em áudio enviado à jornalista.
Proibição de bandeiras estrangeiras
Malafaia afirmou que vai reunir a coordenação dos atos bolsonaristas ainda nesta semana para formalizar a proibição do uso de bandeiras de países estrangeiros. “Mas eu prometo uma coisa: qualquer outra manifestação que eu estiver no comando, quero ver quem vai estender uma bandeira americana”, declarou.
Reação da oposição
Parlamentares de partidos de esquerda criticaram o uso do símbolo norte-americano no ato. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, classificou a presença da bandeira como uma “profunda contradição” e acusou os organizadores de “traição à pátria”. O senador Randolfe Rodrigues chamou o episódio de “fundo do poço ideológico”, enquanto o deputado Marcelo Ramos disse que a atitude foi “imbecil e vira-lata”.
Eduardo Bolsonaro diverge
Na contramão de Malafaia, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) defendeu a exibição da bandeira americana como gesto de “agradecimento” ao ex-presidente Donald Trump, que, segundo ele, teria ajudado o Brasil em pautas internacionais.
“As ditaduras geralmente são derrubadas de fora para dentro. Foi um gesto de gratidão”, escreveu Eduardo no X (antigo Twitter). Ele também criticou a imprensa, chamando veículos de “prostitutas da mídia tradicional”, e publicou uma mensagem direta a Trump: “MUITO OBRIGADO, PRESIDENTE DONALD J. TRUMP, POR TRABALHAR PARA CONSERTAR A BAGUNÇA DEIXADA POR SEU ANTECEDENTE”.