Os presidentes Javier Milei, da Argentina, e Donald Trump, dos Estados Unidos, se reúnem nesta terça-feira (23), em Nova York. O objetivo é definir um pacote financeiro que contenha a corrida cambial contra o peso argentino e o risco de um novo calote da dívida do país. A expectativa do mercado é de que o encontro ofereça um “salva-vidas” para o plano econômico de Milei, que vem enfrentando perdas aceleradas de reservas pelo Banco Central argentino.
Além do encontro com Trump, Milei se reunirá com a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, para discutir o histórico das reservas e eventuais ajustes econômicos, que só deverão ocorrer após as eleições legislativas de 26 de outubro.
Medidas do governo argentino
Primeiramente, o governo anunciou a eliminação transitória do imposto sobre exportações de grãos, cereais e carnes, até o dia 31 de outubro ou até a entrada de US$ 7 bilhões em divisas, como forma de incentivar os exportadores a trazer recursos ao país. Essa decisão compromete o superávit fiscal de 1,6% do PIB, estimando-se perda de receita entre 0,25% e 0,28% do PIB.
Reações dos mercados
Após o anúncio do apoio dos Estados Unidos, o peso argentino se valorizou 2,5% frente ao euro e a Bolsa de Buenos Aires subiu 7,5%, com ações de empresas locais se valorizando até 25%. A taxa de risco-país caiu 25,6%, mostrando reação positiva dos investidores.
Contexto econômico
A Argentina enfrenta uma economia em estagnação e alto risco de recessão, com inflação de aproximadamente 2% ao mês. O governo precisou vender US$ 1,1 bilhão nas últimas semanas para conter a desvalorização do peso, enquanto mantém alta a taxa de juros (cerca de 80% ao ano) para frear a corrida cambial. O país também possui vencimentos significativos da dívida em 2026, totalizando US$ 8,5 bilhões, aumentando a urgência por recursos.
O Tesouro dos EUA, representado por Scott Bessent, afirmou que a Argentina é um aliado estratégico. Desse modo, se comprometeu a apoiar o país através de swap de divisas, compra direta de dólares ou aquisição de dívida pública argentina. Essa ajuda direta do governo americano é inédita desde 2002, quando Washington socorreu o Uruguai.
Próximos passos
Após a reunião com Trump, mais detalhes sobre o montante e condições do socorro financeiro deverão ser divulgados. A oposição argentina questiona possíveis exigências dos EUA, embora o Tesouro americano afirme que não haverá imposição de condições.
A crise mostra o desafio de Milei em sustentar seu plano econômico até as eleições legislativas. Assim, haveria equilíbrio entre medidas de emergência, estabilidade do peso e a confiança dos mercados internacionais.