A Prefeitura de Manaus, em parceria com o Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), promoveu nesta quarta-feira, 14/10, um curso de atualização e treinamento, colocando em prática o uso das Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDs), uma estratégia de combate aos mosquitos transmissores da dengue e da malária. A atividade foi realizada pelos servidores do Núcleo de Entomologia e Controle Vetorial, da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).
As EDs são recipientes plásticos, envoltos em um tecido preto, onde é aplicado um larvicida, parcialmente diluído em água. Essa estrutura atrai o mosquito, que, após o pouso sobre o tecido, passa a carregar o veneno em suas patas, ajudando na sua dispersão.
Para o secretário municipal de Saúde, Marcelo Magaldi, a parceria entre a Prefeitura de Manaus e a Fiocruz Amazônia é um ganho importante para a saúde municipal, num ano em que, além da pandemia do novo coronavírus, a dengue também representou um fator de preocupação, devido ao aumento de ocorrências da doença na cidade.
“Com esse projeto, nós damos um passo significativo para frear a disseminação da dengue e da malária em Manaus, mas a população também precisa continuar a ser parceira nesse processo. Precisamos manter a atenção quanto ao acúmulo de água parada dentro das nossas casas, ainda mais estando na iminência da estação das chuvas. Cada um fazendo a sua parte, combinada à atuação dos agentes de Entomologia e Controle Vetorial do município, nós podemos vencer essa doença”, ressalta Magaldi.
Avaliação
De acordo com o chefe do Núcleo de Entomologia e Controle Vetorial da Semsa, Edvaldo Rocha, 522 armadilhas serão instaladas em diferentes locais nos bairros Santo Antônio e São Raimundo, na zona Oeste, duas áreas com grande incidência do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
“Após muito estudo e avaliação das técnicas disponíveis para o controle populacional dos mosquitos vetores de doenças, estamos dando início à aplicação definitiva das Estações Disseminadoras, uma estratégia utilizada com sucesso em outros centros urbanos do país. Essas armadilhas são de baixo custo e resultados rápidos, além de representar um avanço importante para o trabalho de controle vetorial realizado pela Prefeitura de Manaus”, explica Rocha.
“O mosquito chega a ser um aliado”, comenta o pesquisador da Fiocruz, Jose Carvajal, coordenador técnico do projeto. “A gente começou com a instalação de ovitrampas (armadilhas que simulam o ambiente para a procriação do mosquito Aedes) nesses mesmos bairros. Analisando a densidade populacional do mosquito, nós pudemos avaliar qual era o estado da disseminação da espécie nessas localidades, razão pela qual as escolhemos, para dar início ao projeto”, informa.
Segundo ele, essa parte do processo durou um ano, tempo necessário para a coleta de dados referentes às populações de Aedes aegypti, pelos agentes, que agora poderão comparar a densidade populacional dos mosquitos após a implementação das EDs.
“Precisamos avaliar se a redução no número dos mosquitos irá se dar apenas por causa das Estações Disseminadoras, ou se o clima também terá uma influência significativa. No verão, as populações tendem a diminuir, porque não há quantidade de criadouros suficientes para manter essa densidade”, complementa Carvajal.
Ainda segundo ele, já a partir do terceiro mês de aplicação das estações será possível constatar uma diminuição na população de mosquitos nos dois bairros, mas o resultado consolidado da aplicação dessa estratégia será monitorado ao longo de mais um ano.