O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou nesta quinta-feira (8) a retirada de todas as tropas de seu país do Afeganistão e o fim da missão militar do Reino Unido em solo afegão, após 20 anos de participação.
Em declaração na Câmara dos Comuns, Johnson assegurou que “todas as tropas britânicas designadas para a missão da Otan no Afeganistão voltarão para casa” e acrescentou que a partir de agora a prioridade será “trabalhar com outros parceiros para preservar as realizações dos últimos 20 anos”.
– Espero que ninguém chegue à falsa conclusão de que isso significará o fim do compromisso britânico com o Afeganistão – disse o líder conservador em resposta aos temores de que a retirada das tropas estrangeiras daquele país levaria ao retorno do Talibã.
Ele ainda relembrou os acontecimentos após o 11 de setembro.
– Na manhã seguinte ao 11 de setembro (os ataques terroristas de 2001 contra as Torres Gêmeas em Nova York), poucos teriam previsto que não haveria mais ataques terroristas dessa magnitude organizados a partir do Afeganistão nos 20 anos seguintes – comentou Johnson.
O premiê britânico destacou que “essas conquistas foram obtidas pela intervenção militar liderada pelos Estados Unidos, graças ao esmagador apoio internacional, com tropas procedentes de dezenas de países”, e considerou que o Reino Unido pode “se orgulhar” de “ter sido parte desses esforços desde o princípio”.
Nessas duas últimas décadas, segundo lembrou o chefe do Executivo de Londres, 150 mil membros das forças armadas britânicas serviram em solo afegão, principalmente na província de Helmand, que desde 2006 se tornou o foco da operação do país.
Johnson ressaltou que a intervenção, que custou a vida a 457 militares britânicos, terminou “empatada” perante o rápido avanço dos insurgentes talibãs, que recuperaram territórios nas zonas rurais do país, aproveitando a retirada de tropas estrangeiras.
Ao lembrar os ataques terroristas anteriores da organização terrorista Al Qaeda, Johnson declarou que “hoje, felizmente, a situação é muito diferente”.
– Os campos de treinamento foram destruídos, o que restou da liderança da Al Qaeda não está mais no Afeganistão e não houve ataques terroristas contra alvos ocidentais organizados em solo afegão desde 2001 – frisou.
Além disso, lembrou que, no ano passado, os EUA decidiram retirar seus militares daquele país e, no último mês de abril, o presidente Joe Biden anunciou que as tropas americanas sairiam “no máximo até setembro”, enquanto a Otan destacou no mês passado que operações militares da aliança estavam “chegando ao fim”.
– Como resultado, todas as tropas britânicas designadas para a missão da Otan no Afeganistão agora voltarão para casa – disse Johnson, que acrescentou que, “por razões óbvias”, nenhum detalhe específico seria divulgado sobre quando esse retorno aconteceria, embora tenha confirmado que “a maioria do pessoal britânico já partiu”.