Um porta-voz dos talibãs afirmou nesta segunda-feira (23) que prorrogar para além do fim de agosto os esforços dos países aliados para retirar pessoas do Afeganistão representa ultrapassar os limites toleráveis para o grupo, o que provocaria uma reação dos insurgentes.
O porta-voz talibã Suhail Shaheen foi o responsável por falar sobre a questão, em entrevista à emissora de televisão britânica Sky News, um dia antes do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, presidir nesta terça-feira (24) uma reunião entre os líderes dos países do G7 sobre a crise afegã.
A possibilidade de um retardamento do fim das operações de evacuação do território do Afeganistão estará na pauta do encontro de chefes de governo das nações mais ricas do planeta.
– Isso é algo que alguém poderia chamar de inaceitável. O presidente dos Estados Unidos, Biden, anunciou este acordo, em que, em 11 de agosto, seriam retiradas todas as forças militares do país. Assim, se prorrogam, significa que estão estendendo a ocupação, quando não há necessidade disso – afirmou o porta-voz.
Shaheen também justificou a fuga de pessoas do Afeganistão por motivações econômicas, e não por medo do regime talibã.
– [O retardamento] criará desconfiança entre nós. Se há intenção de continuar a ocupação, isso gerará uma reação – completou.
Para o porta-voz, a intenção daqueles que buscam se refugiar nos países ocidentais é a de “ter uma vida próspera”.
Além disso, Shaheen classificou como “fake news” as informações de que cidadãos afegãos ajudaram as forças estrangeiras, enquanto os talibãs assumiam o poder no Afeganistão.
De acordo com a imprensa britânica, o Reino Unido já tirou 5.725 pessoas do país asiático, sendo 3,1 mil locais. Johnson estaria aguardando o aval de Biden para ampliar a data da retirada do território afegão, para conseguir evacuar ainda mais pessoas.