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22 de novembro de 2024
AmazonasDestaques

Em uma década, cerca de 569 indígenas foram vítimas de estupro no AM

Os estupros contra crianças e adolescentes indígenas são cada vez mais recorrentes no Brasil, e escancaram a vulnerabilidade que os povos indígenas enfrentam. No Amazonas, o cenário não é diferente, visto que em uma década, cerca de 569 crianças e adolescentes indígenas foram vítimas de estupro, conforme estudo.

Um caso de estupro que ganhou grande repercussão nacional foi o de uma indígena do povo Yanomami, de 12 anos. A menina foi violentada sexualmente e morta por garimpeiros na região de Waikás, de acordo com a denúncia do presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami.

A comunidade de Aracaçá, localizada em Roraima, é um dos territórios indígenas mais invadidos pela atividade ilegal garimpeira, onde há uma grande quantidade de garimpeiros acampados no local.

Os crimes de violência sexual contra indígenas Yanomami já foram denunciados pelo relatório da Hutukara Associação Yanomami, o qual revela que houve um aumento de 46% do garimpo ilegal em terras Yanomami de 2020 a 2021.

Casos no Amazonas

Já no Amazonas, entre os anos de 2009 e 2019, cerca de 569 indígenas, entre 5 a 19 anos, foram vítimas de estupro no estado. Os dados são de um levantamento apontado pela pesquisa “Violência física e sexual em crianças e adolescentes no Amazonas, o panorama de uma década”, publicado no Brazilian Journal of Health Review.

Conforme o líder indígena da comunidade Parque das Tribos, localizado no bairro Tarumã Açu, Zona Oeste de Manaus, Ismael Munduruku, um caso que recentemente assustou os moradores da região foi de uma indígena da etnia Tikuna, de apenas 12 anos, que foi estuprada nas proximidades da comunidade em dezembro de 2021.

“Ela saiu com a irmã dela, aqui próximo da comunidade. A irmã dela foi em uma festa e ela acabou indo com a irmã. Na volta, elas foram acompanhadas por dois rapazes. Um deles pegou ela a força, a estuprou e ela engravidou”, conta o Cacique Ismael Munduruku.

O homem que estuprou a jovem indígena ainda não foi identificado, mas Ismael descobriu que é o indivíduo é conhecido na comunidade como traficante de drogas e é popularmente chamado como “Mil Grau”.

Hoje, com cinco meses de gestação, a vítima sofre de vários problemas de saúde, em razão da pouca idade, principalmente de anemia. Conforme Ismael, a menina recebe auxílio e ajuda na comunidade.

“O acompanhamento pré-natal é aqui na maloca da comunidade, onde tem atendimento de enfermagem e médicos que têm atendido a moça”,

disse Ismael.

 

O líder do Parque das Tribos também falou sobre uma tentativa de estupro, nas proximidades da comunidade, há cinco meses. Dessa vez, o crime quase aconteceu com sua filha. Segundo Ismael, ela foi raptada e colocada em um carro, que a levou para uma área de mata. Porém, o estupro não aconteceu. “O agressor só parou quando ela disse que era a minha filha”, conta Ismael.

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