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20 de agosto de 2025
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MPF diz que apura denúncias da Univaja sobre crimes no Vale do Javari

O Ministério Público Federal (MPF) informou neste sábado (25) que a unidade do órgão em Tabatinga, no Amazonas, recebeu dez ofícios da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) entre novembro de 2020 e maio de 2022 com denúncias sobre irregularidades na região. O MPF disse que não teve acesso a nenhum dossiê sobre a morte do indigenista Maxciel Pereira dos Santos, ocorrida em 2019.

Segundo o órgão, todos os documentos enviados pela Univaja deram origem a investigações e processos que seguem em andamento. Os ofícios foram enviados pela entidade antes da morte do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, em junho.

O MPF divulgou um comunicado em que informa que os ofícios mencionaram a ocorrência de “invasões e outras condutas que podem caracterizar crimes ambientais na Terra Indígena Vale do Javari, como garimpo ilegal, pesca e desmatamento”. E que “todos os ofícios recebidos no MPF foram autuados e deram origem a procedimentos administrativos cíveis e criminais ou inquéritos policiais, instaurados para apurar as situações relatadas pela Univaja”.

Denúncias

O MPF informou que a primeira denúncia recebida pela Univaja é de novembro de 2020, mais de um ano após a morte do indigenista Maxciel Pereira dos Santos – ocorrida em 6 de setembro de 2019. O ofício informava sobre a presença de garimpeiros e missionários em área de ocupação de indígenas no Vale do Javari.

Foram abertos inquéritos policiais e um processo administrativo devido à ação da entidade. Segundo o órgão, “por conterem informações sensíveis e a fim de assegurar a sua efetividade, as investigações tramitam sob sigilo”.

Entre as outras denúncias, há casos como a atuação ilegal de balsas de garimpo na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Cujubim, no rio Curuena; desmatamento no igarapé Limão, na área sul da Terra Indígena Vale do Javari; desmatamento e instalação irregular de uma linha de transmissão de energia elétrica no interior da Terra Indígena Mawetek (contígua ao Vale do Javari); e atuação criminosa de pescadores e caçadores nos rios Ituí e Itaquaí, entre outros.

Segundo o MPF, em todas as situações foram abertos inquéritos policiais e/ou processo administrativo. Também ocorreram reuniões entre promotores e representantes da Univaja para determinar ações de combate a crimes na região e informar a entidade sobre a atuação das autoridades.

Sobre a morte de Maxciel, o órgão anunciou que “vem acompanhando as investigações desde a instauração do inquérito policial pela Polícia Federal”, tendo requisitado à PF remessa do inquérito para acompanhamento “do cumprimento das últimas diligências e impulsionamento do feito”.

Bruno Pereira e Dom Phillips

A Univaja atua para impedir a invasão da reserva por pescadores, caçadores e narcotraficantes. O indigenista Bruno Pereira era colaborador da entidade e servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio). Ele chegou a denunciar que sofria ameaças durante suas expedições na região do Vale do Javari. A Polícia Federal confirmou essa informação.

Pereira e Dom Phillips, que era colaborador do jornal britânico The Guardian e já havia produzido reportagens sobre o desmatamento na floresta amazônica, foram vistos pela última vez em 5 de junho, na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari. Eles viajavam pela região entrevistando indígenas e ribeirinhos para a produção de reportagens e de um livro sobre a invasão de áreas indígenas.

O Vale do Javari, a terra indígena com o maior registro de povos isolados do mundo, é pressionado há anos pela atuação intensa de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais que tentam expulsar povos tradicionais da região.

Pereira e Dom Phillips, que era colaborador do jornal britânico The Guardian e já havia produzido reportagens sobre o desmatamento na floresta amazônica, foram vistos pela última vez em 5 de junho, na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari. Eles viajavam pela região entrevistando indígenas e ribeirinhos para a produção de reportagens e de um livro sobre a invasão de áreas indígenas.

O Vale do Javari, a terra indígena com o maior registro de povos isolados do mundo, é pressionado há anos pela atuação intensa de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais que tentam expulsar povos tradicionais da região.

Mais duas pessoas permanecem detidas por envolvimento nos crimes. Uma delas é o pescador Oseney da Costa de Oliveira, irmão de Amarildo, conhecido como “Dos Santos”. O outro é Jefferson da Silva Lima, que confessou ser um dos autores do homicídio.

Um quarto suspeito se apresentou à polícia em São Paulo na quinta-feira (23), mas foi posto em liberdade na sexta (24). Gabriel Pereira Dantas, de 26 anos, abordou militares na praça da República, no centro da capital paulista, e disse que estava envolvido no crime. Segundo a polícia, em seu depoimento ele relatou informações que não correspondem aos fatos ocorridos nos homicídios.“Não há indícios de [Gabriel] ter participado dos crimes ora em apuração, já que apresentou versão pouco crível e desconexa com os fatos até o momento apurados”, divulgou a Polícia Federal.

Segundo as equipes de investigação, a suspeita é que pelo menos oito pessoas tenham participado do assassinato. Na semana passada, a PF declarou que não havia mandante nem organização criminosa por trás das mortes, mas outras cinco pessoas passaram a ser monitoradas pelos investigadores.

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