“Temo um genocídio no nosso Amazonas, porque temos um presidente que não liga para os povos indígenas e não valoriza essa cultura. Quero denunciar esse crime contra a humanidade que acontece na minha região”. A declaração é do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, ao cobrar medidas efetivas por parte do governo federal para conter o avanço do novo coronavírus na Amazônia. A doença está matando índios que moram em aldeias mais afastadas da capital amazonense.
Em vídeo publicado em suas redes sociais, Arthur Virgílio ressalta que, em menos de um mês, já foram registrados mais de 150 casos de Covid-19 em aldeias indígenas, que não tem estrutura para combater a doença. O prefeito teme pela perda de uma história milenar.
“No Alto Rio Negro existem 27 etnias, com suas línguas maternas, assim como no Alto Solimões, e cada índio que morre leva consigo parte da história, que não é escrita, mas é passada de forma oral de geração a geração. São milênios de sabedorias. Se todos os índios morrerem, serão mais de dez mil anos de civilização indígena perdida na nossa região, seria algo imperdoável”, alertou.
Para o prefeito de Manaus, além da falta de conhecimento e de cultura, a falta de interesse e liderança por parte do presidente da República, Jair Bolsonaro, interfere no trabalho de tentar frear o avanço do novo coronavírus.
“Temos um presidente que faz um conselho sobre a Amazônia, que não funciona para nada, a não ser dar conselhos ruins, que estimulam o desmatamento, a invasão, o agronegócio. Precisamos de uma decisão do governo federal muito forte, precisamos de liderança do presidente, que está faltando, para dar um basta nisso e perceber o quanto é importante para a cultura deste país tudo o que os índios já nos transmitiram de conhecimento, o que eles representam e ainda podem representar em nossas vidas”, ressaltou.
Arthur destacou ainda que o conhecimento indígena pode ser um grande aliado para economia do Brasil. “Já que a preocupação do governo parece ser apenas com a economia, os índios também podem ajudá-la a se desenvolver, pois são grandes conhecedores da natureza e de todos os benefícios que uma exploração da biodiversidade pode trazer. Um doutor formado pela universidade pode ter o conhecimento de laboratório, mas o indígena tem da mata, os dois juntos podem ser grandes aliados para o desenvolvimento de pesquisas e de outros projetos que desenvolvam a economia”, relatou.
Assista ao vídeo: