Em sua primeira declaração após a saída de Danilo Dupas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), nesta quarta-feira (27), o presidente interino da organização, Carlos Moreno, disse que sua gestão não será marcada por “questões ideológicas”.
Servidor do órgão desde 1985, Moreno estava há 12 anos no comando da Diretoria de Estatísticas Educacionais (Deed). O novo presidente do Inep é mestre em estatística pela UnB e cursa doutorado em Educação na Universidade Católica de Brasília.
– As questões ideológicas não farão parte da minha gestão. Isso precisa ficar muito claro e acho que os servidores compreenderão isso, até porque faço parte desse corpo de servidores profissionais que estão aqui atuando – ressaltou ao Globo News.
Moreno substitui Danilo Dupas interinamente após o ex-presidente pedir demissão. Ele buscou tranquilizar os candidatos que realizarão exames tocados pelo instituto, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Enade e o Revalida. As provas do Enem, que abrange milhões de estudantes distribuídos pelos 26 estados, além do Distrito Federal, estão previstas para os dias 13 e 20 de novembro.
– O meu primeiro desafio, e talvez seja por isso que o ministro Victor [Godoy, da Educação] me pediu para assumir essa missão, é garantir as entregas que o Inep precisa fazer ainda este ano: o Revalida, o Enade e, sobretudo, o Enem. Aceitei esse desafio para garantir a normalidade e estabilidade sobretudo com os exames que se avizinham – afirmou.
O novo chefão da autarquia destacou ainda que seu principal objetivo é possibilitar que as atividades tocadas pelo órgão sejam mantidas com excelência. Ele é o quinto presidente a assumir a o Inep durante o governo Bolsonaro.
– Faço parte desse corpo de servidores que tem o compromisso de garantir essas entregas nesse momento difícil, faltando 5 meses para a conclusão desse governo, tendo eleições. Assumo para dar essa tranquilidade sobretudo para aqueles que estão inscritos no Enem, no Enade, e no Revalida, que são exames que ainda serão aplicados pelo Inep neste ano – completou.
O ex-presidente, Danilo Dupas, era desafeto de grande parte dos servidores. Por isso, a notícia de que Moreno assumiria o cargo foi comemorada entre os profissionais da instituição.
DEMISSÃO CONTURBADA
Em novembro do ano passado, Dupas foi denunciado pelos funcionários da autarquia, acusado de praticar assédio moral e censura. Os casos foram denunciados pela Associação de Servidores do Inep (Assinep) em novembro de 2021 e desencadearam a maior crise da história do Inep.
Na época, Dupas negou as acusações e alegou que os servidores estavam insatisfeitos com mudanças promovidas por ele no órgão. Em junho deste ano, a Comissão de Ética Pública (CEP) arquivou a investigação de assédio contra Danilo por “ausência de materialidade”.