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22 de novembro de 2024
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MPF denuncia suspeito no Caso Bruno e Dom por falsidade ideológica

O MPF (Ministério Público Federal) denunciou, na tarde desta sexta-feira (29), o pescador “Colômbia”, cujo nome verdadeiro ainda está sendo apurado pela Polícia Federal, por uso de documento falso e falsidade ideológica. O MPF também pediu a manutenção da prisão preventiva dele sob alegação de que, uma vez libertado, será dificultosa a recaptura dele.

Colômbia foi preso no dia 7 de julho na delegacia federal do município de Tabatinga, no oeste do estado. Segundo a Polícia Federal, ele compareceu espontaneamente para prestar esclarecimentos a respeito de notícias que atribuíram o nome dele às mortes do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo, mas, na ocasião, apresentou documentos falsos de identificação.

No dia seguinte, o juiz Fabiano Verli, da Justiça Federal do Amazonas, decretou a prisão preventiva dele considerando que ele não havia explicado de forma satisfatória as questões consideradas graves envolvendo o nome e a naturalidade dele, que estão “absolutamente errados” no documento que ele usa.

De acordo com a Polícia Federal, inicialmente, o homem apresentou um documento brasileiro emitido em dezembro de 2008 com o nome “Rubens Villar Coelho” e naturalidade de Benjamin Constant, no Amazonas. No entanto, durante o depoimento, ele se contradisse ao afirmar que tinha nascido na Colômbia, o que chamou a atenção dos policiais.

O homem foi questionado pelos investigadores sobre as divergências nas informações prestadas e apresentou um novo documento, dessa vez de origem colombiana, com dados diferentes do primeiro. Conforme a Polícia Federal, o segundo documento tinha o nome de “Ruben Dario da Silva Villar” e naturalidade de Puerto Nariño, município colombiano.

Na denúncia, o MPF aponta como documento falso a cédula de identidade brasileira, emitida pelo Instituto de Identificação do Amazonas. Segundo o MPF, para emitir esse documento, o homem usou uma falsa certidão de nascimento emitida em um cartório de Benjamin Constant em setembro de 2005.

De acordo com o MPF, a emissão dessa certidão teve por base as declarações do próprio pescador e das testemunhas que compareceram ao cartório naquela época, Marcelo Peres Mendes e Raquel Gomes Florentino. Apesar de ter se apresentado como Rubens Villar Coelho, Colômbia assinou na matrícula da certidão como “Rubens Dario da Silva Villar”. Veja os dois documentos.

Documentos apresentados por Colômbia à Polícia Federal (Foto: Reprodução/MPF)

O MPF afirma ainda que o Consulado do Peru em Tabatinga informou haver outro documento emitido em nome de Colômbia, dessa feita atribuindo-lhe uma terceira nacionalidade, de peruano. Conforme a denúncia, o documento está em nome de Ruben Dario da Silva Vilar, que teria nascido Loreto/ Mariscal Ramon Castilla/ Yavari, Peru, de pais peruanos.

Em relatório emitido no dia 21 deste mês, a Polícia Federal afirma que “não foi possível à Polícia Federal confirmar o real nome do investigado, nem saber sua verdadeira nacionalidade, se Colombiana ou Peruana posto que, os dois países informam que o investigado é nascido naqueles países, sendo necessário a continuidade da investigação”.

No mesmo relatório, a Polícia Federal concluiu que houve crimes de uso de documento falso e falsidade ideológica e se manifestou pela manutenção da prisão preventiva do homem até que ele seja identificado. “Manifestando-se essa autoridade policial pela manutenção da prisão preventiva até a correta identificação”, afirmou a instituição.

Prisão preventiva

Na última quarta-feira (27), a defesa de Colômbia pediu que a soltura dele, com o cumprimento de algumas restrições. O advogado Eduardo Rodrigues afirmou que o pescador “não oferece nenhum risco para persecução penal”, que o crime “não fora praticado com violência ou grave ameaça a pessoa” e que o homem possui residência fixa.

Nesta sexta-feira (29), o procurador da República Adailton Ramos do Nascimento, se manifestou contra a liberdade provisória de Colômbia. Segundo ele, uma vez libertado, “seria dificultosa sua recaptura, porque não se sabe ao certo qual seria sua real nacionalidade, seu verdadeiro nome, nem o seu endereço (Brasil, Colômbia ou Peru?)”.

“Espanta a desenvoltura de ação do denunciado na “obtenção” de tripla nacionalidade, baseada em documentos ideologicamente falsos, e na forma pouco assertiva com que se identifica, identifica seus genitores, seu local de nascimento. Enfim, não se saberia a quem procurar, ou onde estaria estabelecido”, afirmou o MPF.

Mais documentos

No dia 22 deste mês, a Polícia Federal encontrou inúmeros documentos com locais de nascimento e nacionalidades diversas na casa de Colômbia. Também foi encontrado um Rani (Registro Administrativo de Nascimento de Índio) onde ele afirma ter nascido na Comunidade Indígena Boa Vista, Terra Indígena Boa Vista, tribo indígena Kokama.

Os agentes também encontraram uma nota comercial (Factura) em que o pescador se identifica como Rubens Eduardo Da Silva de Souza, porém nenhum documento oficial com esse nome foi encontrado na residência. Para a PF, “os fatos denotam que o nacional se utiliza deliberadamente da falsificação de documentos para obter benefícios diversos”.

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