Na denúncia, a mulher disse à Rede Amazônica que o crime aconteceu no dia 11 de janeiro. Ela relatou que marcou um exame de ultrassonografia para verificar se tinha pedras nos rins. No entanto, o médico a obrigou a fazer uma transvaginal – exame que consiste em introduzir um aparelho nas partes íntimas da mulher.
De acordo com a assistente social, durante a consulta, o médico mandou que ela deitasse na maca e, ao iniciar o exame, fez comentários de teor sexual sobre o corpo dela.
“Abaixei a minha bata, ele pegou o aparelho para fazer o exame de rins e na ocasião, ele abaixou mais a minha bata e ficou: ‘olha essa marquinha, como é que você vem fazer esse exame assim? Logo eu que to na seca. O seu marido deve se acabar aí’. Eu fiquei tão sem ação, tão nervosa e eu falei ‘eu vim aqui para saber se tenho pedra nos rins’. Ele respondeu ‘pedra nos rins você não tem não, mas vamos fazer uma transvaginal para ver sua bexiga’”, contou a assistente social.
Conforme a mulher, o médico utilizou o instrumento para o procedimento sem colocar camisinha no aparelho, como é recomendado. No lugar da camisinha, ele colocou uma luva, segundo a assistente social. Ela contou, ainda, que o homem também fez movimentos sexuais com o aparelho e com os próprios dedos.
“Em pé, sem olhar para o monitor, ele introduziu [o aparelho] com força na intenção de ficar empurrando”, disse. Eu me desesperei, empurrei e falei ‘doutor há necessidade disso? O que o senhor está fazendo?’ Ele todo errado virou para o monitor e passou a mão no órgão dele, que estava completamente ereto”, completou a mulher.
A assistente social contou que empurrou o médico, vestiu as roupas e saiu em desespero pelo hospital. “Foi quando eu encontrei o outro médico plantonista, entrei na sala e me desesperei. Aí eu disse ‘meu Deus eu acabei de ser estuprada. O médico botou as mãos na cabeça e falou: eu estou sem chão. E aí eu fui pra minha casa e chorei”, afirmou.
Denúncia
A mulher disse que encontrou dificuldades para formalizar a denúncia sobre o crime. Ao comunicar o caso à direção do hospital, a gestão pediu que ela fizesse um relatório situacional, para que fosse encaminhado para a Secretaria de Saúde de Nova Olinda do Norte.
Abalada, a assistente social decidiu relatar a situação para o marido, que a levou na delegacia para fazer a denúncia.
No local, segundo a mulher, o atendimento não foi diferente. Um investigador disse estar no horário de intervalo e que não havia delegado na unidade.
“O investigador, leigo do assunto, pediu para que eu retornasse para minha casa, porque estava no horário de almoço, ele não ia me atender. E eu falei: investigador eu fui estuprada!’”.
A alternativa que a vítima encontrou foi viajar para Manaus para formalizar a denúncia na Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher (DECCM), vinculada à Polícia Civil do Amazonas (PC-AM).
Procurada, a unidade policial informou que abriu inquérito policial para apurar os fatos.
De acordo com o Código Penal Brasileiro, o crime de estupro consiste em constranger alguém mediante a violência ou ameaça a ter conjunção carnal ou atos dessa natureza. A pena pode chegar até 10 anos de reclusão e aumentar dependendo da gravidade do caso.
A advogada da vítima, Amanda Pinheiro, apontou que há relatos de que a assistente social não é a única vítima do médico. Diante disso, ela está tentando formalizar denúncias de possíveis vítimas.
“Nós já recebemos relatos que outras mulheres foram aliciadas e sofreram abusos por parte desse profissional. Então, nós estamos aqui aproveitando a oportunidade para convocar essas vítimas, para que elas não se calem”, ressaltou Amanda.
A assistente social disse que seguirá com a denúncia.
“Eu to me sentindo péssima, extremamente péssima, mas eu quero dizer para você mulher que foi aliciada, estuprada, você que passou pelo que eu estou passando, saiba que é difícil, mas será amparada. Você precisa denunciar, porque quanto mais a gente se cala, mais vítimas esse monstro vai fazer”, finalizou.
O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM) solicitou que a diretora geral do Hospital Galo Manuel Ibanez, em Nova Olinda do Norte, instaure procedimento administrativo para apurar a conduta do médico sobre a denúncia de estupro. A profissional, que não teve o nome divulgado, tem prazo de 5 dias, a contar do dia 16 de janeiro, para cumprir a recomendação.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (CRM-AM) informou que tomou conhecimento da denúncia de suposto crime de estupro e que irá instaurar uma sindicância para apuração dos fatos.
com informações do G1