Cinco primos alemães do papa Bento XVI, falecido em 31 de dezembro de 2022, são herdeiros do dinheiro que ele economizou em suas contas. Já os direitos autorais de seus livros irão para a Fundação Ratzinger, e seus pertences pessoais serão distribuídos entre seus assistentes, como ele mesmo deixou por escrito.
A revelação foi feita pelo secretário pessoal de Bento XVI durante todos os anos de seu pontificado, monsenhor Georg Gaenswein.
– Pensei que havia dois parentes, dois primos, mas são cinco – disse o arcebispo alemão.
As declarações de Gaenswein foram dadas a alguns veículos de imprensa após uma missa celebrada neste domingo (19), em Roma.
Embora não se trate de uma quantia milionária, os herdeiros poderiam abrir mão de receber o dinheiro porque, segundo o jornal Corriere della Sera, “correriam o risco de serem envolvidos em uma ação de indenização iniciada na Alemanha contra Bento XVI sob a acusação de não ter interferido no caso de um padre pedófilo quando ele era arcebispo de Munique, entre 1977 e 1982”.
O secretário destacou que a herança será apenas o que resta na conta bancária, já que os bens pessoais do papa emérito desde 2013, após sua histórica renúncia, “serão todos doados”.
– Os demais objetos pessoais, de relógios a canetas, de pinturas a móveis litúrgicos, foram incluídos em uma lista meticulosamente elaborada por Bento XVI antes de morrer. Ninguém foi esquecido: colaboradores, secretários, seminaristas, estudantes, motoristas, párocos e amigos. O que tem a ver com livros, o que tem a ver com sua obra intelectual, já está claro – disse Gaenswein, de acordo com publicação desta segunda-feira (20) do jornal Il Messaggero.
Os direitos das obras permanecem no Vaticano, e uma parte irá para a Fundação do Vaticano Joseph Ratzinger, criada em 2010, que é o que realmente constitui o importante legado de Bento XVI, com autênticos best-sellers como os volumes dedicados à vida de Jesus.
Gaenswein também explicou que, por ordem do próprio Ratzinger, destruiu todas as anotações e cartas pessoais, e algumas foram enviadas para a fundação Ratisbona.
– Uma pena? Sim, eu também disse isso a ele, mas ele me deu essa indicação: não tem como voltar atrás. Não há mais escritos inéditos – revelou.