Alugar um imóvel nunca é simples: além de avaliar a estrutura física e a localização, o inquilino precisa lidar com cláusulas contratuais complexas e riscos de fraudes. A situação se agrava especialmente em um momento de alta nos aluguéis. Em Manaus, por exemplo, os preços subiram 15,46% nos últimos 12 meses, segundo o índice FipeZap de maio de 2025 — variação acima da inflação, que ficou em 5,32% no mesmo período.
Diante desse cenário, cuidados com a documentação e a segurança jurídica ganham ainda mais importância. “Muitas pessoas não checam se o imóvel está legalizado ou se o locador é realmente o proprietário”, alerta o corretor de imóveis Eliud Soares, formado pelo curso técnico em transações imobiliárias do Centro de Ensino Técnico (Centec), em Manaus.
Além disso, a contratação informal e o uso de contratos genéricos da internet também trazem riscos. “Essa falha documental, somada ao uso de contratos ‘genéricos’, expõe ambas as partes a cláusulas incompletas ou ilegais”, afirma Soares. Ele lembra ainda que o descuido com a vistoria inicial pode gerar prejuízos. “Sem registro fotográfico e descritivo do estado do imóvel, os inquilinos podem herdar débitos de danos pré-existentes.”
Evitar prejuízos e golpes
Outro problema frequente são os golpes aplicados por pessoas que se passam por proprietários. “É preciso muito cuidado com golpistas que pedem depósitos antecipados e somem. Por isso, a recomendação é clara: valores só devem ser transferidos após verificação oficial da documentação e da identidade das partes”, orienta.
Para evitar esses e outros transtornos, o papel do corretor se mostra fundamental. “O corretor é essencial porque possui conhecimento técnico e jurídico, garantindo que o contrato esteja de acordo com a legislação e contemple cláusulas que protejam ambas as partes”, explica Soares.
Segundo ele, um bom contrato deve conter: identificação completa das partes, descrição minuciosa do imóvel, prazo de locação, reajuste definido (seja IGPM ou IPCA) e cláusulas explícitas sobre garantias (fiador, caução ou seguro-fiança). “São detalhes importantes para garantir a segurança das partes envolvidas e do negócio firmado. Nesse processo, o corretor age como mediador imparcial, evitando desgaste e assegurando conformidade legal”, completa.
Do aluguel à casa própria
O aluguel costuma ser uma etapa provisória na vida de quem planeja a casa própria — e, segundo os corretores, esse planejamento pode começar mais cedo do que muitos imaginam. “É preciso organizar o orçamento para manter o aluguel até a entrega das chaves, mas o valor investido na obra já é um passo importante rumo à realização do sonho da casa própria. Ou seja, ao invés de continuar pagando aluguel, você começa a construir um patrimônio. Com disciplina financeira, é totalmente viável”, orienta o corretor Diego Simplício, também formado pelo Centec.
Além disso, imóveis na planta oferecem condições facilitadas e prazos que permitem ao comprador se organizar. “Mesmo com prazos maiores de entrega, cerca de dois anos, você já começa a se planejar e a construir um patrimônio”, comenta.
O bom momento do mercado imobiliário amazonense também favorece esse planejamento. De acordo com a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas (Ademi-AM), o Valor Geral de Vendas (VGV) líquido foi de R$ 699 milhões no primeiro trimestre de 2025, representando alta de 56% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse crescimento é impulsionado por programas como o Amazonas Meu Lar e o Minha Casa, Minha Vida, que facilitam o acesso ao financiamento.