No primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, as emissões de gases do efeito estufa subiram 9,6%. Dados do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa) indicam que o país lançou na atmosfera 2,17 bilhões de toneladas brutas de dióxido de carbono, o CO2, contra 1,98 bilhão em 2018.
Os estados do Pará (18,4% do total) e Mato Grosso (10,6%) são os maiores emissores brutos. Logo após aparecem São Paulo (6,9%), Amazonas (6,8%) e Minas Gerais (6,7%).
“É a primeira vez que o Amazonas aparece entre os quatro maiores geradores de emissões brutas. Excluindo uso da terra, São Paulo passa a liderar as emissões nacionais, seguido de Minas Gerais e Mato Grosso”, diz trecho do relatório do SEEG divulgado pelo Observatório do Clima.
Segundo o documento, quando se consideram as emissões líquidas, ou seja, descontando remoções por áreas protegidas e terras indígenas, o Amazonas passa a ter apenas 1,3% das emissões nacionais, e Roraima, 0,3% devido à grande área de terras indígenas e unidades de conservação em ambos.
Mesmo assim, o SEEG considera esse critério inadequado do ponto de vista do clima, mas que é autorizado pelo IPCC (Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas).
O Amazonas, junto com Roraima, Rondônia e Pará, tem no desmatamento e na atividade pecuária as principais fontes de emissões de gases do efeito estufa.
A atividade industrial e o setor energético aparecem no estado como fatores muito baixo, o que reforça a tese das indústrias da Zona Franca de Manaus possuírem uma matriz limpa e pouco poluente.
Ao contrário de São Paulo e Minas Gerais onde predominam emissões do setor de energia (especialmente o transporte) e, no caso mineiro, também o gado de leite.
Emissão per capita
Na região Norte, Amapá, Tocantins e Amazonas são os estados com os menores índices de emissões brutas per capita. Cada amazonense emitiu 36 toneladas de CO2 em 2019.
“O estado que lidera o ranking é Roraima, com 111 toneladas de CO2 e emitidas por habitante em 2019 – mais de 15 vezes a média mundial, de 7,1 toneladas per capita no mesmo ano –, seguido por Rondônia, com 67 toneladas”, diz o relatório.
E completou: “Devido à disparada do desmatamento e à baixa população, a emissão média por habitante em Roraima é três vezes maior que no Qatar, um dos países com maiores emissões per capita, e seis vezes maiores do que nos Estados Unidos”.
País fora da meta
Pelos dados, há uma reversão da tendência de redução das emissões no Brasil, verificada entre 2004 e 2010, e sugere que o país não deverá cumprir a meta da PNMC (Política Nacional sobre Mudança do Clima) em 2020.
Estamos numa contramão perigosa. Desde 2010, ano de regulamentação da lei nacional de clima, o país elevou em 28% a quantidade de gases de efeito estufa que despeja no ar todos os anos, em vez de reduzi-la”, disse Tasso Azevedo, coordenador do SEEG.
“No ritmo em que está e com os indicativos de que dispomos, o país não consegue cumprir a meta de 2020 e se afasta da de 2025”, disse.
Outra conclusão é que crescimento das emissões no último ano foi puxado pelo desmatamento na Amazônia, que disparou no ano passado.
“O desmatamento respondeu por 44% do total das emissões do país no ano passado. Desde a PNMC, as emissões por mudança de uso da terra cresceram 64% no Brasil, em que pese a meta da lei de reduzir o desmatamento na Amazônia em 80% em 2020 comparado à média entre 1996 e 2005”, diz nota do Observatório do Clima.