A Fundação de Previdência do Estado do Amazonas (Amazonprev) figura entre os três entes estaduais que mais investiram no Banco Master, instituição financeira que entrou em processo de liquidação após sucessivas investigações e a prisão de seu presidente, Daniel Vorcaro, em novembro. De acordo com o Relatório Anual de Investimentos de 2024, a fundação aplicou R$ 50 milhões em Letras Financeiras do banco em 6 de junho de 2024, com vencimento previsto apenas para 2034.
A operação chamou atenção dentro e fora do governo, pois ocorreu sem registro de aprovação em ata, procedimento obrigatório pelas normas internas da própria Amazonprev. Em setembro de 2024, a fundação admitiu que não localizou os documentos que autorizariam o investimento — nem no Banco Master, nem em aplicação semelhante no C6 Bank. Além disso, Amazonprev disse que o Comitê de Investimentos analisaria o caso e faria o encaminhamento aos conselhos responsáveis.
A movimentação aumentou as suspeitas sobre a relação da fundação com a instituição financeira. Naquela época, o Master já enfrentava restrições do Banco Central, rumores crescentes sobre incapacidade de honrar compromissos e dificuldades para ser adquirido pelo Banco de Brasília (BRB). Em outubro de 2024, a Amazonprev iniciou a portabilidade da custódia dos ativos para a XP Investimentos para atualização da documentação.
Com a decretação do regime de administração especial temporária e da liquidação do conglomerado pelo Banco Central, em novembro de 2025, o caso voltou ao centro das atenções. O Sindicato dos Trabalhadores da Justiça do Amazonas enviou ao Ministério Público do Amazonas uma notícia de fato. Nela, STJAM afirma que o investimento de R$ 50 milhões ocorreu sem deliberação do Conselho de Administração. Portanto, isso aprofundou as suspeitas de irregularidade.
O que diz Wilson Lima
Apesar das críticas, o governador Wilson Lima afirmou que não há risco para aposentados e pensionistas. Ele garantiu que a Secretaria da Previdência revisou todos os contratos firmados pela Amazonprev. Em nota, a fundação reforçou que a aplicação no Master ocorreu por meio de fundo de investimento administrado pela instituição. Desse modo, não há comprometimento nos pagamentos dos benefícios.
