O ambiente de trabalho é o principal cenário de denúncias de racismo e injúria racial no Brasil em 2025. Um levantamento da plataforma Jusbrasil, baseado em 4.838 decisões judiciais entre janeiro e outubro, apontou que 30% dos casos (1.407) ocorreram em locais de trabalho.
Entre esses episódios, 1.113 envolveram relações diretas entre empregadores e empregados, número superado apenas pelas agressões praticadas por desconhecidos, que somaram 1.291 decisões.
Os espaços públicos aparecem em segundo lugar, com 974 ocorrências, seguidos de estabelecimentos comerciais (805). No total, 39,5% das decisões resultaram em condenações criminais, alcançando 1.910 casos. A análise utilizou inteligência artificial para filtrar termos-chave, sempre supervisionada por especialistas.
O estudo reforça a dimensão do problema no país. Segundo o Anuário de Segurança Pública 2025, o ano de 2024 registrou 18,2 mil casos de injúria racial e 18.923 de racismo. No campo legislativo, a Câmara aprovou, em abril, o aumento da pena para injúria racial quando a vítima for mulher ou idosa.
Dos 1.407 episódios no ambiente de trabalho, 554 vítimas eram mulheres, 239 homens e, em 613 decisões, o gênero não pôde ser identificado.
Para as pesquisadoras envolvidas, os números mostram a necessidade urgente de políticas públicas voltadas ao combate à discriminação — pauta que ganha visibilidade especialmente neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.
