A Austrália cancelou na última sexta-feira (11) um plano de cerca de 750 milhões de dólares (R$ 3,81 bilhões) para um grande pedido de uma vacina contra o coronavírus desenvolvida localmente depois que a imunização produziu resultados falsos positivos para o HIV em alguns voluntários que participaram de um estudo experimental.
Segundo o jornal norte-americano The New York Times, o primeiro-ministro australiano Scott Morrison disse na sexta que seu governo compensaria a perda de 51 milhões de doses que planejou comprar do consórcio australiano em parte aumentando os pedidos de vacinas feitas pela AstraZeneca e Novavax. O governo disse que planeja começar a vacinar os cidadãos em março.
– Não podemos ter problemas com confiança, e somos como uma nação agora, com um bom portfólio de vacinas, capazes de tomar essas decisões para proteger melhor o povo australiano – disse.
O problema apresentado pela vacina australiana, desenvolvida pela Universidade de Queensland e pela empresa de biotecnologia CSL, estava relacionada ao uso de dois fragmentos de uma proteína encontrada no HIV.
O uso da proteína não representou risco de infectar os voluntários com o vírus, disseram os pesquisadores. Mas a presença dela gerou a produção de anticorpos reconhecidos pelos testes de HIV em níveis mais altos do que os cientistas esperavam.
Como os testes não puderam ser reprojetados rapidamente para justificar isso, os pesquisadores decidiram abandonar o desenvolvimento da vacina. O processo poderia ter gerado uma ansiedade generalizada entre os australianos de que a vacina pudesse causar AIDS.
A vacina da Universidade de Queensland foi uma das várias em desenvolvimento que contém uma proteína de coronavírus que estimula uma resposta do sistema imunológico. As vacinas baseadas em proteínas têm um histórico mais longo do que algumas das abordagens mais recentes usadas por vacinas de coronavírus concorrentes, como aquelas baseadas em genes virais.