Servidores públicos, biólogos e ambientalistas fizeram uma manifestação na manhã de hoje (2), na frente do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) contra os ataques que o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) vem sofrendo após o local ser invadido pela deputada estadual Joana Darc (União). A mobilização ocorreu no Distrito Industrial, zona Sul de Manaus. Na última semana o Instituto passou a ser alvo de críticas por ter impedido o influenciador digital Agenor Tupinambá de visitar o animal.
A deputada revelou que “Filó” estava em um local inadequado e que o Centro de Triagem possuía alimentos e medicações vencidas. Após uma equipe médica alegar que o Cetas não oferecia condições adequadas para o animal, o juiz federal Márcio Cavalcanti determinou que a capivara fosse devolvida a Agenor.
O médico-veterinário e especialista em animais silvestres, Diogo, com dez anos de passagem pelo Cetas e que hoje trabalha no Instituto Chico Mendes, pediu a racionalização do debate e menos emoção na discussão. Para o especialista, a exposição do animal silvestre nas redes sociais também engaja o tráfico de várias espécies da natureza.
“Os servidores do IBAMA foram atacados de uma forma desqualificada e não técnica. Enfatizamos o respeito a legislação ambiental. Animais silvestres devem ficar na natureza. Pôr roupinha e usar shampoo em animais silvestres e capitalizando nas redes sociais para gerar likes é um problema muito sério. Isso aumenta a pressão sob a fauna com aumento do tráfico de animais. Somos contra isto, pois é um debate que não dá pra ser mediado nas redes sociais. Precisamos qualificá-lo.”
Ele também aponta que o Cetas é um lugar de passagem e que animais como a capivara vivem em bando aprendendo umas com as outras a sobreviverem.
“O Cetas é um lugar de passagem, pois eles passam por uma avaliação clínica antes de serem encaminhados a uma melhor destinação. Falam que a fazenda é o habitat natural da capivara, mas, assim como existe capivara, também existe jacaré, onça, portanto, quem irá ensiná-la a se proteger desses predadores? É o rapaz do rodeio, que gosta de se aparecer no rodeio?! Os animais precisam de um repertório antes para aprender conviver num local natural. As capivaras vivem em bando e ensinam a sobrevivência aos mais jovens. Sem contar as doenças transmitidas por elas, como a febre maculosa, que é uma febre fatal.”
Manifestantes disseram que o Centro de Triagem de Animais Silvestres também irá passar por uma reforma e ampliação este ano, após a abertura de um novo edital. Sobre a existência de vacinas vencidas, a pesquisadora da FioCruz, Alessandra Nava, afirmou que o Cetas não possui vacina, criticou o enviesamento do debate e declarou que os animais são tratados com total cuidado.
“Não se vacina macaco. Vacina é V8, V10, para cachorro e gato. Eu vivencio aqui há cinco anos. Os funcionários cortam as frutas com a maior assepsia. Em um dia fizeram publicação enviesada e a população já acredita, pois ali está com a pintura descascada, por exemplo. O lugar onde um animal silvestre é guardado não é um lugar bonito, de fato, mas precisam entender que ali é um lugar transitório.