Na Segunda-feira (23), o cientista Jessem Orellana, da Fiocruz/Amazônia, falou que os números oficiais de mortos e contaminados por coronavírus (covid-19) no Amazonas não são reais. Ele se referiu aos dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM).
Entre as capitais brasileiras, Manaus é a que apresenta o maior número de subnotificação de covid-19.
Morreram, portanto, na cidade, muito mais pessoas do que os mais de mil óbitos registrados entre junho até 19 de novembro passado.
É o que afirma o pesquisador (foto) para quem os números divulgados pela FVS-AM não representam o quadro real de contaminados e mortos.
“Esse é um número claramente mascarado”, afirma. Na sequência, arremata: “Pois Manaus, como diversos estudo científico já mostraram, é uma das capitais com mais subnotificações de covid-19 do país”.
De acordo com ele, o número é certamente maior. Em seguida, afirma que nesse mesmo período morreram mais 359 vítimas, supostamente, por Sarg “não especificada”. A Sarg, portanto, nada mais é do que a Síndrome Respiratória Aguda Grave.
“Em português mais claro, possíveis mortes por covid-19 jamais foram notificadas mais que 30 mortes por Sarg não especificada”, explicou.
Ele citou como exemplo o mês passado quando as mortes confirmadas por covid-19 quase dobraram. Passaram, portanto, de 122 para aproximadamente 250, um aumento de aproximadamente 100%.
“Nos primeiros 10 dias de novembro, a mortandade continua a todo vapor, com média de aproximadamente 6 mortes diárias por covid-19, reafirmando e consolidando a segunda de contágio e mortalidade em Manaus”, lamentou.
Rastreamento
O cientista voltou a defender o rastreamento de contatos, na busca ativa de doentes, no rigoroso monitoramento desses indivíduos.
Contudo, é preciso testar em massa a população ou adotar medidas que limitam a circulação do coronavírus.
“Infelizmente, jamais implantamos, a contento, nenhuma dessas estratégias em Manaus”, diz Jessem. Em seguida, complementa: “Ao contrário, falhamos gravemente na primeira onda e estamos repetindo quase tudo novamente na segunda onda”.