Para informar e combater todo e qualquer episódio de bullying no ambiente escolar, a Escola Estadual Milburges Bezerra de Araújo, localizada no bairro Raiz, zona sul de Manaus, realizou, na manhã desta terça-feira (19/03), uma palestra para sensibilizar crianças e adolescentes sobre as práticas discriminatórias.
O evento foi conduzido por profissionais do Centro de Convivência da Família André Araújo, que apresentaram aos alunos diferentes tipos de bullying, como o psicológico, moral, verbal, sexual, social, material e virtual. Para a psicóloga Nayane Barroso, especificar cada tipo de discriminação ajuda os estudantes a prevenir e combater o bullying na escola e em diferentes contextos sociais.
“Os alunos acreditam que só existe um tipo de bullying. A gente explica para que eles entendam que afastar o colega é um bullying, comentar na internet alguma coisa maldosa pode ser um tipo de bullying, quebrar um brinquedo também”, disse Nayane.
Além da psicóloga, assistentes sociais do Centro de Convivência exemplificaram situações cotidianas de discriminação que podem passar despercebidas, mas que geram traumas. As profissionais explicaram que incentivar o combate ao bullying exige cuidado, empatia e ampla percepção sobre o comportamento das crianças.
“O maior desafio é fazer a criança entender que ela vai, sim, machucar o colega (física, mental ou psicologicamente). Ela não precisa ser a melhor amiga de todos, mas precisa respeitá-los. A gente trabalha muito com essa dificuldade hoje”, explicou a psicóloga Nayane
É na escola, onde se constitui importante lugar de convivência social do ser humano, que os alunos lidam com as problemáticas que podem levar ao bullying. Além do psicológico, o processo de ensino-aprendizagem pode ser afetado.
“O aluno que não se sente bem por estar sofrendo bullying pode chegar a evasão escolar. É isso que nós não queremos. O papel da escola é operante, sempre de sensibilizar os nossos alunos sobre a importância de ter empatia com o outro”, disse Luciane Pimentel, diretora da escola. “Bullying maltrata, machuca. O ser humano é muito importante. Então, a escola deve ser acolhedora”, acrescentou.
Consequências na vida adulta
De acordo com a psicóloga Nayane, os reflexos do bullying sofrido na infância ou na adolescência podem vir à tona anos depois, na fase adulta Ela explicou que aqueles que foram discriminados tendem a apresentar traumas e gatilhos relacionados ao sentimento de rejeição. Os efeitos podem se manifestar em diferentes contextos da vida.
“Essas crianças provavelmente serão adultos com autoestima baixa, vão ter problemas de socialização e, quando encontrarem um emprego que querem, vão se auto sabotar. É por isso que a gente precisa trabalhar nessa fase da vida”, explicou Nayane.
Nova percepção
A estudante Nahabyla Sophia, de 13 anos, contou que saiu da palestra com um novo olhar sobre o combate ao bullying no ambiente escolar e que ficará mais fácil identificar as ações discriminatórias contra os colegas e denunciar.
“Acho que é importante para aprender e não acontecer. Estou me sentindo melhor. A gente tem que ir atrás do responsável e da diretora da escola e relatar o que está acontecendo. Prejudica porque traz muitas lembranças de palavras e gestos”, disse Nahabyla.