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21 de novembro de 2024
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Comunidade indígena fundada nos anos 1970 recebe abastecimento de água tratada pela primeira vez

Formada por indígenas do povo Sateré-Mawé, a comunidade Waikiru foi fundada na década de 1970, no bairro Redenção, quando um grupo deixou o município de Maués (a 258 km de Manaus) e migrou para a capital amazonense em busca de tratamento de saúde.

Atualmente, cerca de 75 pessoas moram no local. Quando foi fundada, a Waikiru ficava dentro de uma imensa área verde conhecida como “Parque das Seringueiras”. Um cenário bem diferente do que é encontrado hoje no local. A comunidade urbana dos Sateré na capital fica escondida entre becos, escadarias e residências na região da rua Noberto Von Gal, no limite entre o bairro da Redenção e os Conjuntos Santos Dumont e Hiléia.

Desde a sua criação, a comunidade Waikiru jamais contou com abastecimento de água regular. No início, os moradores ainda utilizavam a água dos igarapés que ficavam na região. No entanto, com o passar dos anos, a área verde foi sendo ocupada de forma desordenada e todas as fontes de água acabaram poluídas. Os moradores da Waikiru passaram, então, a utilizar água através de ligações irregulares, com tubulações que passavam por dentro dos córregos poluídos. Outras opções eram poços comunitários ou uma cacimba, localizada nas proximidades da comunidade. Para acessá-la, os moradores precisavam descer e subir cerca de 60 metros, entre escadas improvisadas e um barranco. As tubulações irregulares ainda comprometiam o abastecimento de ruas vizinhas, que estavam regularmente conectadas à rede da concessionária.

Há aproximadamente um mês, a realidade dos moradores mudou. Após a visita das equipes do programa de atendimento itinerante “Vem com a Gente”, a concessionária Águas de Manaus implantou redes de abastecimento para levar água tratada para a comunidade. Todas as residências receberam hidrômetros e foram cadastradas na tarifa social, benefício que concede 50% de desconto na fatura.

“A gente não gostava de usar a água clandestina, mas era a única opção que tinha disponível. Muitas vezes era uma água amarela, que precisava ferver para poder utilizar. Ou então, tinha que pedir dos vizinhos de outras ruas, ir até um lava-jato que fica aqui perto ou descer e subir até a cacimba no fim da comunidade só para buscar água. Era um sufoco muito grande subir e descer escadas carregando baldes, garrafões e panelas”, relembra a professora Jeane Maria, 34 anos.

Os indígenas da Waikiru ainda receberam orientações sobre o uso consciente da água tratada, para evitar desperdícios. “Foi feita uma reunião com a comunidade para explicar todos os benefícios que a empresa queria implantar aqui. Isso foi de um respeito muito grande pelo nosso povo. Todos compreenderam as melhorias. E hoje, estamos vivendo outra realidade, recebendo água limpa e tratada em casa. Eu e a comunidade somos muito gratos por isso”, disse Jeane Maria.

O centro cultural da comunidade, que fica entre as residências dos Saterés, ainda recebeu pequenas melhorias executadas pelas equipes do VCG, como pintura e um novo piso. No local, além das reuniões e festas do povo Sateré, funciona uma escola de educação indígena.

DIGNIDADE – Além da água tratada nas torneiras, a comunidade Waikiru também comemora uma outra novidade em sua rotina. Desde que a comunidade indígena urbana foi criada, obter um comprovante de residência era uma missão complicada para os moradores. Agora, a fatura de água em mãos vai facilitar a vida dos moradores em diversas situações. “Moro na comunidade desde os nove anos e sempre que pediam um comprovante de residência da gente, seja na escola, faculdade ou trabalho, precisávamos emprestar de algum vizinho ou até da igreja ali da rua principal. Agora mesmo, com a pandemia, muita gente da comunidade ficou desempregada e precisou de um comprovante para abrir conta no banco e tentar receber o auxílio emergencial. Sempre era algo complicado. Agora, com a fatura de água, finalmente posso dizer que tenho um endereço, me senti cidadã”, disse a doméstica Leiliane Pereira, 32 anos. 

PROGRAMA VEM COM A GENTE – Desde que chegou na cidade, em junho de 2018, a Águas de Manaus tem trabalhado na implantação de redes de água tratada em locais que não possuem abastecimento regular, como áreas de palafitas, rip-rap, becos e escadões. Neste período, foram implantados mais de 50 quilômetros de redes de água nos 29 bairros visitados pelo programa “Vem com a Gente”. Atualmente, as equipes da concessionária trabalham em redes de abastecimento no bairro da Redenção, em uma grande área de becos, vielas e escadarias localizadas entre as ruas Noberto Von Gal, Boa Esperança, Mirasselva e Alfredo Valois. Somente nesta região, estão sendo implantados 8 quilômetros de redes de água tratada, beneficiando diretamente 5.600 moradores. Os trabalhos na Redenção iniciaram em julho.

ATENDIMENTO – Além das extensões de rede na Redenção, as equipes do Vem com a Gente estão atuando em visitas de casa em casa no bairro Alvorada, também na zona Centro-Oeste da capital. As medidas de distanciamento social e de higienização estão sendo tomadas no atendimento do VCG, bem como em todas as atividades de campo do projeto. “Quando a empresa chega no bairro, implanta novas redes e leva água tratada até os moradores, estamos levando, qualidade de vida dignidade e saúde até a casa destas pessoas. Já atendemos mais de 800 mil pessoas no VCG e temos o planejamento de passar por todas as regiões da cidade”, declarou o gestor do programa Vem com a Gente, Waldyr Vilanova.

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