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22 de fevereiro de 2025
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Conheça a planta louro-pirarucu, uma árvore com cheiro de peixe

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Especialista explica que, até o momento, não existem estudos específicos que determinem quais compostos químicos são responsáveis pelo cheiro particular dessa planta.

A Amazônia é repleta de encantos e mistérios. A todo instante nos deparamos com uma espécie nova, de planta ou animal, e com curiosidades como esta: uma árvore com cheiro de peixe.

A espécie em questão é a Licaria cannella, pertence à família das lauráceas, que se caracterizam por frequentemente apresentar tronco, ramos e folhas aromáticos.

A árvore é parente do louro (Laurus nobilis), da casca-preciosa (Aniba canelilla) e do pau-rosa (Aniba rosaeodora). É uma árvore com porte de médio a grande, folhas que podem ser alternadas ou quase opostas no ramo. Por seu cheiro específico, ficou popularmente conhecida como louro-pirarucu.

O doutor e mestre em Ciências Biológicas, Camilo Veríssimo, contou ao Portal Amazônia que além do cheiro que remete ao peixe, essa planta também apresenta uma característica particular em suas flores.

“As sépalas e as pétalas não podem ser diferenciadas, sendo chamadas de tépalas. Os frutos são carnosos e do tipo baga. No entanto, o que realmente chama atenção nessa espécie é seu cheiro característico, que lembra o odor do peixe pirarucu, origem de seu nome popular”, disse Veríssimo.

O odor, conforme Veríssimo, é um dos principais aspectos utilizados para identificá-la em campo. Em algumas espécies, o cheiro é tão intenso não tem como não a reconhecer. Mas, até o momento, não existem estudos específicos que determinem quais compostos químicos são responsáveis pelo cheiro particular dessa planta.

O pesquisador explica ainda que, antes de ser unificada sob o nome Licaria crassifolia, o louro-pirarucu (Licaria cannella) era dividido em três subespécies encontradas na Amazônia: Licaria cannella subsp. angustata, Licaria cannella subsp. cannella e Licaria cannella subsp. tenuicarpa. No entanto, estudos mais recentes mostraram que essas variações pertencem, na verdade, à mesma espécie.

“A distribuição da espécie é influenciada por fatores como disponibilidade de luz, tipo de solo e dinâmica da sucessão florestal. Sendo uma espécie secundária tardia, ela cresce predominantemente em áreas sombreadas do sub-bosque, desenvolvendo-se lentamente até atingir o dossel ou emergir acima dele. Além disso, sua presença está associada à dispersão de sementes por animais e ao solo argiloso, geralmente rico em nutrientes”.

Os frutos dessa espécie, segundo Veríssimo, são carnosos e servem como alimento para diversos animais. Como resultado, a dispersão das sementes ocorre por zoocoria, ou seja, os animais que se alimentam dos frutos acabam transportando e disseminando as sementes pela floresta.

Outro fato interessante é que, atualmente, a espécie tem registo de uso biotecnológico para os compostos na indústria de fármacos. “Há registros do uso de compostos dessa espécie na área da saúde. O principal componente dos óleos essenciais de Licaria crassifolia (L. canella) é o benzoato de benzila, uma substância já utilizada comercialmente como medicamento no combate a diversas parasitoses, incluindo a Leishmania amazonensis, que causa a leishmaniose”, comenta o especialista.

A exploração da espécie representa risco de conservação?
“Essa árvore é bastante comum e distribui-se exclusivamente na região amazônica. Sua população é grande e, no momento, não enfrenta ameaças significativas. Além disso, não há previsão de riscos graves no futuro. Por isso, ela está classificada como ‘pouco preocupante’ na Lista Vermelha da IUCN [Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, sigla em ingês)], que avalia o risco de extinção das espécies”, esclarece Veríssimo.

Do Portal Amazônia***

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