Uma equipe de pesquisadores de vários países encontrou o crânio de uma espécie de golfinho de água doce que viveu há aproximadamente 16 milhões de anos. Ou melhor: o osso foi descoberto em 2018, mas o estudo só saiu agora na revista especializada Science Advances – motivo pelo qual você só está lendo a notícia agora.
A nova espécie, batizada com o nome científico Pebanista yacuruna, tem mais de 3,5 metros de comprimento, o que torna o maior golfinho de água doce já encontrado. Um boto-cor-de-rosa adulto atual alcança, no máximo, 2,5 m.
Essa espécie pertence à família Platanistoidea, cujos representantes foram muito comuns nas águas terráqueas entre 24 milhões e 16 milhões de anos atrás. Nesse momento da história da Terra, os dinossauros já estavam extintos, e os mamíferos já eram a forma de vida animal dominante.
A família Platanistoidea não tem parentesco próximo com o grupo a que pertencem os botos cor-de-rosa atuais. “Percebemos que ele não tinha relação com o golfinho cor-de-rosa do rio Amazonas. Encontramos um gigante cujo parente vivo mais próximo está a 10 mil km de distância, no sudeste da Ásia.”
A frase é de Aldo Benites-Palomino, paleontólogo da Universidade de Zurique, na Suíça, em entrevista ao jornal britânico The Guardian. Ele ainda estava na graduação quando identificou o animal por meio da mandíbula e de certas cavidades características nos dentes.
Segundo os pesquisadores, a descoberta ajuda a entender os problemas enfrentados pelas espécies de golfinhos de água doce atuais. Grande parte desses animais, tanto na América do Sul quanto seus parentes nos rios Ganges e Indo, correm sério risco de extinção.
O Baiji, conhecido como golfinho do Yang-Tsé, era uma espécie de golfinho de água doce que habitava o rio Yang-Tsé, na China. Ele não é visto há anos, e é considerado praticamente extinto.
E caso você esteja em dúvida com os nomes “boto” e “golfinho”, a resposta é que ambos estão certos. É comum, no Brasil, usar “boto” para os animais de água doce e “golfinho” para os de água salgada, mas do ponto de vista científico, não existe essa separação.