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24 de novembro de 2024
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Cresce pressão para família real responder acusações de racismo

A entrevista de Harry e Meghan à apresentadora Oprah Winfrey causou mal-estar em Londres. Na conversa de 90 minutos, que foi transmitida pela CBS, na noite de domingo (7), madrugada de ontem no Reino Unido, o casal acusa a realeza de racismo. Os ataques, aos quais o Palácio de Buckingham costuma reagir com discrição, aumentaram a pressão por uma resposta, para evitar um impacto ainda mais devastador para a monarquia britânica.

Na conversa com Oprah, o príncipe Harry reforçou as acusações de Meghan sobre a existência de racismo na família real. Ele confirmou que sua família havia manifestado preocupação com o tom de pele do filho, Archie, antes de seu nascimento. Meghan é filha de Doria Ragland, uma ex-maquiadora negra, e de Thomas Markle, um iluminador de TV branco.

– Houve várias preocupações e conversas sobre o quão escura seria a pele dele [Archie] quando nascesse – afirmou a duquesa.

– O quê? – respondeu a atônita apresentadora, após segundos de silêncio.

A preocupação com a cor da pela de Archie, segundo Meghan, foi um comentário feito a Harry, e ela ficou sabendo depois. O príncipe confirmou, mas nenhum dos dois revelou quem manifestou a preocupação.

– Isso seria muito prejudicial para eles – respondeu Meghan, após Oprah insistir em saber quem fez o comentário.

– Essa conversa eu nunca vou compartilhar – disse Harry.

Ao não identificarem o membro da família real, o casal colocou todos sob suspeita. Ontem, Oprah veio a público esclarecer que questionou Harry, diante das câmeras e fora delas. O príncipe, segundo a apresentadora, garantiu-lhe que não havia sido nem a rainha Elizabeth II nem seu marido, o príncipe Philip, mas não deu mais detalhes.

Meghan sugeriu que a cor da pele de Archie havia sido determinante para ele perder o título de príncipe. Segundo o protocolo existente, como neto de um soberano, Archie se tornaria automaticamente príncipe quando seu avô, Charles, ascendesse ao trono. O casal, porém, foi informado de que as regras seriam alteradas para “enxugar a monarquia”.

O racismo foi, segundo Harry, um dos principais motivos para o casal deixar o Reino Unido. Embora o país não seja racista, disse o príncipe, a imprensa e, mais especificamente, os tabloides são. No entanto, a acusação de racismo foi apenas uma das várias declarações incendiárias da entrevista.

OUTRAS POLÊMICAS
Meghan afirmou ainda que não recebeu ajuda durante um momento de crise, quando teve pensamentos suicidas durante a gravidez de Archie. Ela descreveu uma história muito parecida com a da mãe de Harry, a princesa Diana, que sofreu assédio da imprensa e não teve ajuda da família real.

– Minha maior preocupação era a história se repetir – afirmou o príncipe.

Harry também revelou que não tinha a intenção de deixar por completo as funções da realeza, mas apenas dar um “tempo”. No entanto, imediatamente após a decisão, a família real cortou seu dinheiro, incluindo o reservado à segurança.

– Eu nasci nesta posição. Eu herdei o risco. Eu tenho o que minha mãe me deixou, e, sem isso, não teríamos sido capazes de fazer isso.

REAÇÕES
Os efeitos da entrevista foram devastadores.

O líder trabalhista, Keir Starmer, disse que as questões raciais e de saúde mental levantadas por Meghan eram “maiores do que a família real” e não deveriam ser ignoradas.

A deputada Kate Green disse que as alegações eram “angustiantes e chocantes” e pediu ao Palácio de Buckingham que investigue as acusações.

Já o primeiro-ministro, Boris Johnson, fugiu da polêmica. Questionado se a família real deveria investigar as acusações, ele apenas elogiou a rainha.

– Sempre tive a maior admiração pela rainha e pelo papel unificador que ela desempenha em nosso país. Quanto a todos os outros assuntos relacionados à família real, passei muito tempo sem comentar e não pretendo começar agora.

A CBS informou ontem que 17,1 milhões de americanos viram a entrevista, duas vezes mais do que o pico do horário nobre de domingo. Foi a maior audiência do último ano, perdendo apenas para o Super Bowl, a final do campeonato de futebol americano, que atrai cerca de 100 milhões de americanos todos os anos para a frente da TV.

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