O Dia Mundial do Ambiente, comemorado nesta quinta-feira (5) e organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), tem como foco este ano o combate à poluição por plásticos. Com o tema “Combater a poluição por plástico”, a data ganha ainda mais relevância diante de uma realidade alarmante: o mundo deve consumir 516 milhões de toneladas de plástico em 2025.
A Coreia do Sul é o país anfitrião das celebrações, que ocorrem exatamente dois meses antes de uma nova rodada de negociações para a criação de um tratado global sobre o uso de plásticos, marcada para agosto, na Suíça.
Poluição por plástico: uma ameaça invisível e global
A ONU destaca que a poluição plástica está presente em todos os cantos do planeta — da superfície do Monte Everest às profundezas dos oceanos, passando pelos corpos humanos, onde os microplásticos foram detectados até no leite materno.
Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, o plástico “sufoca o planeta”, contamina rios, mares, o solo e ameaça a vida selvagem. Ainda assim, ele vê avanços: há maior conscientização global, políticas contra plásticos de uso único e um movimento crescente por economias circulares.
“Este ano, precisamos de um acordo ambicioso, credível e justo, que abranja todo o ciclo de vida do plástico”, declarou Guterres.
O desafio: reutilizar, reciclar e repensar o uso do plástico
Apesar dos impactos negativos, a ONU ressalta que o plástico não é, por si só, um inimigo. Ele trouxe benefícios em áreas como a conservação de alimentos e a economia de energia. No entanto, o uso irresponsável e o descarte incorreto são os verdadeiros vilões.
Para Patrícia Carvalho, coordenadora do Pacto Português para os Plásticos (PPP), o foco deve estar na circularidade do plástico, e não em sua eliminação. Ela lembra que uma nova legislação europeia, criada recentemente, regulamenta embalagens e resíduos, com metas claras a alcançarem.
“A luta não é contra o plástico, mas contra seu mau uso”, afirma Patrícia.
Ela também destaca o papel do setor varejista, que vem fazendo avanços, como a retirada de embalagens escuras e o uso de materiais recicláveis. No entanto, reconhece que ainda há muito a fazer, especialmente no campo da reciclagem, onde as metas continuam distantes da realidade.
Um chamado à ação coletiva
Com um tom otimista, Patrícia afirma que a fase de “demonização do plástico” deu lugar à conscientização e à busca por soluções. Para ela, o Dia Mundial do Ambiente deve servir como um ponto de mobilização:
“Qualquer ação, em qualquer lugar do mundo, é importante. Nem que seja não jogar um plástico no chão.”
A ONU reforça a ideia de que a mudança só é possível com o envolvimento de todos — cidadãos, empresas, governos e organizações. Se não houver solução, até 2060, o consumo global de plástico poderá ultrapassar 1,2 bilhão de toneladas por ano. E, pior: apenas 9% do plástico produzido atualmente é reciclado.