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18 de agosto de 2025
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Documentário revela como rezadores mantêm viva a fé cabocla na Amazônia

Dirigido por Leina Tavares e Neto Simões, o filme retrata rezadores como guardiões da memória espiritual e está disponível gratuitamente no YouTube. A equipe lançou a obra em Maués.

Divulgação

Silenciosos, discretos e muitas vezes esquecidos pelas estruturas oficiais, os rezadores ganham protagonismo no documentário “Rezadores de Almas”. A produção amazonense resgata e celebra essa prática ancestral ainda viva na Amazônia. A equipe lançou o filme em abril, na cidade de Maués, com apoio da Lei Paulo Gustavo, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, do Governo Federal, e de parceiros como a Prefeitura de Maués, o Ponto de Cultura Espaço Pavulagi e o Cine Porto dos Saberes.

Uma imersão na fé popular

Os diretores Leina Regina Tavares Monteiro e Waldemir Coelho Santos Neto (Neto Simões) conduziram um trabalho sensível de imersão na fé popular. Eles percorreram comunidades ribeirinhas para registrar o cotidiano espiritual de homens e mulheres que, por meio de orações, ladainhas e caminhadas noturnas, guiam as almas dos falecidos e fortalecem os laços comunitários.

A diretora Leina Tavares explica que o desejo de dar voz a figuras espirituais que resistem ao tempo motivou o filme:

“Queríamos documentar, preservar e ampliar vozes que o tempo e as estruturas sociais muitas vezes silenciam. Este filme é, antes de tudo, um gesto de escuta e reverência. Buscamos registrar o sagrado no cotidiano, o invisível que pulsa nos becos, nas matas e nas margens dos rios.”

Guardando saberes ancestrais

O documentário retrata os rezadores como guardiões de saberes ancestrais, herdeiros de tradições indígenas, negras e caboclas. As cenas mostram a simplicidade e a profundidade das rezas: velas que se acendem, ramos de plantas da floresta que abençoam, sinetas que tocam, cantos que ecoam em noites silenciosas. Cada gesto constrói uma ponte entre mundos e reafirma a resistência espiritual na floresta.

O codiretor Neto Simões destaca que o filme convida o público a sentir, mais que a entender:

“Quisemos criar uma obra que respeitasse o silêncio, a fé e o ritmo da floresta. Um documentário que não explicasse, mas permitisse sentir. Que desse espaço ao mistério e à beleza das ladainhas, das caminhadas e do simples ato de acender uma vela ou tocar uma sineta.”

Resistência e invisibilidade

Além de valorizar a cultura imaterial, o documentário expõe os estigmas que essas práticas enfrentam: intolerância religiosa, falta de reconhecimento institucional e desvalorização histórica. A obra alerta para o risco de desaparecimento desses rituais, que sobrevivem graças à transmissão oral e ao compromisso silencioso dos rezadores com o bem-estar coletivo.

Os diretores dedicam o filme a esses homens e mulheres que, mesmo à margem das instituições, sustentam a espiritualidade de comunidades inteiras:

“Dedicamos este filme aos rezadores e rezadoras que, mesmo diante da intolerância e do esquecimento, seguem firmes, rezando pelas almas, pelas memórias e por todos nós.” — afirma Leina.

Como assistir

O documentário tem classificação indicativa de 10 anos e está disponível gratuitamente no canal Puxirum Cultura no YouTube. Assista pelo link:
https://www.youtube.com/channel/UCmUTEXwpQECxio9_L-M2GEg

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