Em um dia de forte instabilidade nos mercados interno e externo, o dólar ultrapassou R$ 5,50 pela primeira vez desde agosto, enquanto a bolsa de valores brasileira encerrou a sexta-feira (10) em queda pelo segundo pregão consecutivo. O cenário foi marcado por tensões comerciais entre Estados Unidos e China e novas preocupações fiscais no Brasil.
A moeda norte-americana fechou vendida a R$ 5,503, alta de 2,38% no dia. Durante a manhã, chegou a recuar para R$ 5,36, mas inverteu o movimento rapidamente, alcançando a máxima de R$ 5,51 à tarde. O dólar acumula valorização de 3,13% na semana e 3,39% em outubro, embora ainda registre queda de quase 11% em 2025.
O Ibovespa, principal índice da B3, também sofreu com o clima de aversão ao risco, fechando aos 140.680 pontos, uma retração de 0,73%. No acumulado de outubro, a queda já chega a 3,8%, refletindo o impacto da piora do ambiente internacional e das incertezas fiscais domésticas.
No exterior, o presidente norte-americano Donald Trump anunciou tarifas de até 100% sobre produtos chineses. A decisão acontece após Pequim ampliar o controle sobre exportações de terras raras — insumo essencial para a indústria tecnológica. A decisão aumentou a tensão global e provocou fortes quedas nas bolsas dos EUA, com o Nasdaq despencando 3,56% e o S&P 500, 2,71%.
O petróleo tipo Brent recuou mais de 4%, chegando a US$ 62,73 por barril, o menor valor em cinco meses. Diante do cenário de incerteza, investidores correram para ativos considerados seguros, como ouro e títulos do Tesouro dos Estados Unidos.
Cenário local
No Brasil, o ambiente político-econômico piorou após o Congresso derrubar a medida provisória que aumentaria a tributação sobre investimentos financeiros, abrindo um rombo de R$ 17 bilhões nas contas públicas de 2026. A medida agrava a percepção de desequilíbrio fiscal e pressiona ainda mais o câmbio.
Na próxima semana, o governo deve discutir novas alternativas para recompor receitas, em meio ao desafio de conter o dólar e restaurar a confiança dos investidores.