O senador Eduardo Braga (MDB-AM) disse que a abertura de um processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, é prerrogativa exclusiva do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A declaração veio em entrevista ao programa CNN 360º, nesta quarta-feira (7).
Primeiramente, Braga, que não assinou o pedido de impeachment, criticou o uso da força por parte da oposição e ressaltou a ausência de contrapartidas para a chamada pacificação política. De acordo com ele, o número de assinaturas reunidas pela oposição — 41 até o momento — não é suficiente para obrigar a tramitação do processo.
“Não é o número de assinaturas que estabelece se o impeachment deve ou não ser aberto, e sim o embasamento jurídico. E essa é uma competência exclusiva do presidente do Senado”, afirmou Braga.
MDB não teve acesso ao pedido
Todavia, o senador revelou que, até o momento, o MDB não teve acesso ao conteúdo do pedido apresentado pela oposição. “Não conheço o texto. Não posso dizer o que está escrito. Como líder do MDB, não recebi nada oficialmente”, declarou.
Braga destacou ainda que nenhum pedido de impeachment contra ministros do Supremo foi aceito nos 200 anos de história do Senado, reforçando a importância de manter o Estado Democrático de Direito.
Críticas à ocupação do Congresso
Ao comentar o protesto liderado por parlamentares da oposição que ocuparam o plenário, Braga foi direto:
“O que aconteceu nesta semana é a continuação do 8 de janeiro. Não é normal parlamentares se acorrentarem na mesa diretora. Isso é uma invasão — agora protagonizada por parlamentares.”
O senador defendeu o direito legítimo da oposição de obstruir os trabalhos, mas condenou atitudes que quebram o decoro parlamentar.
“Obstruir é legítimo. Invasão e uso exacerbado da força, não.”
Alcolumbre teve apoio da oposição
Braga também lembrou que Davi Alcolumbre foi eleito presidente do Senado com votos de partidos da própria oposição, incluindo PL, PP, Republicanos e Podemos. Segundo ele, o funcionamento democrático da Casa foi retomado com votações importantes nesta semana, como a que tratou da correção da tabela do Imposto de Renda.
Eleições 2026: MDB pode apoiar Lula e pleitear vice
Durante a entrevista, o jornalista questionou Braga sobre uma possível aliança do MDB com o presidente Lula (PT) nas eleições de 2026. Ele, então, não descartou a possibilidade do partido compor a chapa presidencial com a vice-presidência.
“Por que não? O MDB tem representatividade, tradição e pode, sim, ocupar esse espaço.”
Ele afirmou que há maioria dentro da bancada do Senado favorável ao apoio à reeleição de Lula, mas reconheceu que a bancada da Câmara está dividida.
“O partido é grande e diverso. Em 2022, 13 dos 14 diretórios estaduais apoiaram Lula no primeiro turno, mesmo com candidatura própria.”
Braga destacou que, em 2026, o MDB deve governar de 8 a 9 estados, o que dá ao partido um peso político expressivo para negociar a vice ou aliança formal com a candidatura petista.