O governo da Espanha decretou hoje três dias de luto nacional por causa das consequências do mau tempo no leste do país, que deixou pelo menos 63 mortos e “danos materiais altíssimos”.
O executivo pediu às populações das zonas afetadas pelo mau tempo para não saírem de casa e, sobretudo, não tentarem circular pelas estradas, destacando que o temporal ainda permanece e os seus efeitos continuam a ser perigosos.
O mau tempo provocou “tremenda tragédia” em Espanha na última noite e madrugada, com “danos pessoais altíssimos”, mas “danos materiais também altíssimos”, disse o ministro da Política Territorial, Ángel Victor Torres, em entrevista em Madri após reunião do Comité de Crise criado pelo governo por causa do temporal.
O ministro indicou que há várias áreas afetadas que continuam inacessíveis às esquipes de resgate, que incluem mais de mil militares de uma unidade de emergência para situações de catástrofe.
O governo da Espanha confirmou 63 mortos, 62 na região autônoma da Comunidade Valenciana, a mais afetada pelo temporal, e um na região vizinha de Castela La Mancha. Acrescentou que ainda não pode adiantar números de pessoas consideradas desaparecidas.
Em um balanço sobre a situação das comunicações e da infraestrutura tutelada pelo Estado central, Ángel Victor Torres disse que o porto de Valência esteve fechado, mas já abriu, e há mais dois que permanecem com as atividades suspensas na mesma região.
Quanto aos aeroportos, a situação está normalizada em toda a região do Mediterrâneo, depois de problemas em vários pontos do leste e do sul da Espanha.
Os trens de alta velocidade entre Madri e Valência estão totalmente suspensos, assim como as linhas suburbanas em Valência. Segundo o ministro, o retorno se dará “em função da evolução” do mau tempo e dos trabalhos no local.
Todas as estradas principais estão bloqueadas na região autônoma da Comunidade Valenciana, afirmou.
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, garantiu apoio a todos os afetados pelo mau tempo e alertou que “a emergência continua”, pedindo à população que tenha o máximo de precaução. Em declaração ao país no fim da manhã, Sánchez pediu à população para “não baixar a guarda” porque o mau tempo continua a causar estragos.
“Ainda não podemos considerar concluído este devastador episódio”, afirmou, sublinhando que continuam sob avisos meteorológicos as regiões autônomas da Comunidade Valenciana, Andaluzia, Aragão, Castela La Mancha, Catalunha, Extremadura, Navarra e Rioja, assim como a cidade de Ceuta.
O líder do governo insistiu na importância de serem seguidas e respeitadas todas as recomendações dos serviços de emergência e das forças de segurança.
Segundo ele, além dos mortos confirmados, há “dezenas de municípios inundados, estradas e vias bloqueadas, pontes destruídas pela violência das águas”, sobretudo em Valência.
Várias regiões da Espanha estão desde terça-feira sob a influência de uma “depressão isolada em níveis altos”, fenômeno meteorológico conhecido como DANA (em castelhano), que causou chuvas torrenciais e ocorrências em diversos pontos do país, sobretudo na costa do Mediterrâneo.
A região mais afetada foi a Comunidade Valenciana, no leste do país, com chuvas com níveis inéditos, que fizeram acionar os alertas e avisos mais graves da proteção civil e da meteorologia nesta terça-feira à noite.
Na última noite, a precipitação na região de Valência foi a mais elevada em 24 horas desde 11 de setembro de 1966, de acordo com dados oficiais.