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20 de maio de 2024
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Eventos climáticos podem provocar o deslocamento de 3 milhões de pessoas no Brasil

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O Brasil poderá ter que mudar, nos próximos anos, o lugar de moradia de até 3 milhões de habitantes por causa da suscetibilidade a eventos climáticos extremos. A estimativa é do climatologista brasileiro Carlos Nobre, que fez carreira no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Um levantamento de 2018, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), calculava 2 milhões de pessoas morando em “Áreas de altíssimo risco de inundações, deslizamentos e encostas” e que precisariam ser removidas.

O número acima levava em conta a análise de 825 municípios, com base nos dados do Censo de 2010. “Agora, (o Cemaden) está refazendo esse estudo para mais de 1.900 municípios. O número vai passar, certamente, de 3 milhões de brasileiros (que precisarão ser removidos)”, disse Nobre ao Metrópoles. O Censo de 2022 será tomado como referência de base populacional.

As pessoas que têm de deixar o local onde vivem por causa de eventos naturais extremos são consideradas, por parte dos estudiosos do tema, como refugiados climáticos. “(São pessoas que) tiveram de deixar o seu lugar original e, talvez, abandonar o tipo de vida que a pessoa tinha, que morava talvez em casa e tinha um terreno onde cultivava algo, criava algum animal”, diz o coordenador-Geral de Operações e Modelagem (CGOM) do Cemaden, Marcelo Enrique Seluchi.

Nos últimos anos, o Brasil colecionou casos de áreas atingidas por eventos extremos e que tiveram as populações deslocadas. São Sebastião (SP), por exemplo, enfrentou fortes chuvas em 2023 e houve áreas com construções impedidas após isto. Situações semelhantes estão sendo relatadas pelos entrevistados no Recife, Sul da Bahia e Norte de Minas Gerais

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, afirma que o deslocamento de populações por consequência de eventos climáticos será visto de forma ampla nos estados da Região Sul.

“Vamos agora, experimentar isso no Sul do País em larga escala, infelizmente, é bem possível que isso aconteça. O que vai se fazer nesta região, são estudos para ver se obras de engenharia dão conta de minimizar os impactos de eventos (futuros) como este”, considera Astrini.

Áreas de risco

O número total de pessoas vivendo em áreas de risco no Brasil, que não necessariamente precisariam se mudar, era de 8,27 milhões em 2018. Este valor também deve aumentar com a revisão do Cemaden.

Parte importante desta população está na região Sul do País, onde em 2018 estavam 15% das áreas de risco mapeadas nos 144 municípios analisados no Estado. Ela é a terceira neste quesito, atrás apenas das regiões Sudeste (54,3%) e Nordeste (22%).

No caso específico do Rio Grande do Sul, que enfrenta um evento climático extremo sem precedentes desde o fim de abril, havia 274.390 pessoas em áreas de risco nos municípios monitorados. Até esta quinta-feira (9/5), o número de desalojados era de mais de 327 mil pessoas e havia outros 68 mil em abrigos. Os atingidos eram 1,7 milhão entre todos os 10,9 milhões de gaúchos

Explicação

Seluchi explicou que o que aconteceu no Rio Grande do Sul foi a combinação de ao menos quatro fatores. Uma frente estacionária fez o frio se manter na região. A região também recebeu umidade vinda do Norte do Brasil. Ao mesmo tempo, o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, provocado pelo El Niño, produziu vapor d’água.

O aquecimento global também contribuiu. “Como o planeta está mais quente, os oceanos acompanham, e oceanos mais quentes evaporam mais umidade (…). Tudo isso é matéria-prima para as chuvas. Elas estão se tornando mais intensas e mais frequentes”, completa o coordenador do Cemaden.

Nobre lembra que não só os fenômenos ligados às chuvas, mas também as secas estão batendo recordes em todo o mundo. “A gente nem chama mais de mudança climática, chamamos de emergência climática.”

Do Metropoles***

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