A investigação sobre uma fraude bilionária envolvendo o Banco Master colhe, nesta terça-feira (30), os depoimentos do banqueiro Daniel Vorcaro, dono da instituição, do ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e do diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Ailton de Aquino.
Primeiramente, os depoimentos à Polícia Federal (PF) ocorrem no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, a partir das 14h. As oitivas fazem parte de um inquérito que apura as negociações para a venda do Banco Master ao BRB, banco público do Distrito Federal.
O BRB tentou adquirir o Master pouco antes de o Banco Central decretar a falência extrajudicial da instituição, apesar de alertas e suspeitas sobre a sustentabilidade do negócio. Paulo Henrique Costa acabou afastado da presidência do BRB por decisão judicial.
Em novembro, Vorcaro e o ex-presidente do BRB foram alvos da Operação Compliance Zero, que investiga a concessão de créditos falsos. As fraudes apuradas podem chegar a R$ 17 bilhões em títulos forjados.
As oitivas foram determinadas pelo ministro Dias Toffoli e acontecerão individualmente. Inicialmente, havia a previsão de acareação, mas a adoção da medida ocorrerá se a PF considerar necessária. O depoimento do diretor do Banco Central, embora ele não seja investigado, foi classificado como de especial relevância para esclarecer o caso.
As defesas de Daniel Vorcaro e Paulo Henrique Costa informaram que não irão se manifestar antes ou após os depoimentos, alegando sigilo do processo. O Banco Central também não comentou.
Tentativa de compra e falência
Em março deste ano, o BRB anunciou a intenção de comprar o Banco Master por R$ 2 bilhões, valor correspondente a 75% do patrimônio consolidado da instituição. A negociação gerou forte repercussão no mercado financeiro. Em setembro, o Banco Central rejeitou a operação e, em novembro, decretou a falência do banco.
A Operação Compliance Zero, iniciada em 2024, investiga a criação de operações fictícias de crédito e a negociação de carteiras fraudulentas entre instituições financeiras. O Banco Master é o principal alvo do inquérito, instaurado a pedido do Ministério Público Federal (MPF).
Em nota, o BRB afirmou que sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência.
