Policiais civis revelaram detalhes sobre a Operação Mordaça, que desmantelou um grupo que extorquia homens casados em Borba, interior do Amazonas, nesta quinta-feira (21). Através do Instagram, a página utilizada pelo grupo atacou até um padre e a igreja católica do município.
De acordo com informações, seis integrantes de um grupo criminoso administravam perfis chamados “Focas” no Instagram. Eles criavam “caixinhas de perguntas”, recebendo mensagens sobre moradores locais e divulgando o conteúdo sem filtro. Durante um ano e meio, o grupo explanou informações difamatórias e extorquiu dinheiro das vítimas, com valores entre R$ 50 a R$ 200.
As postagens do grupo continham acusações de relacionamentos extraconjugais e alegações de que algumas pessoas estariam infectadas pelo HIV. Quando as vítimas procuravam ajuda, os criminosos exigiam dinheiro para revelar a origem das informações ou para remover as publicações. Em um caso, um dos perfis chegou a exigir favores sexuais de uma mulher.
Os envolvidos são:
- Bruna de Souza Valente, 23 anos
- Clícia Mar Cardoso, 24 anos
- Cris Luan dos Anjos Oliveira, 20 anos
- Ketelen de Oliveira Frota, 20 anos
- Moisés Moçambique Cadacho, 25 anos
- Wesley Froes Campos, 29 anos.
Segundo o delegado Jorge Arcanjo, a primeira fase da operação aconteceu no dia 14 de março, com o cumprimento de mandados de busca e apreensão em Borba e na capital. Durante esta fase, Bruna e Wesley foram presos, além de Cris Luan e um outro suspeito, identificado como Elisson Ronald.
Após as primeiras prisões, uma reviravolta ocorreu com Elisson. Ele se tornou uma vítima de Clícia Mar Cardoso. Após se conhecerem online, Clícia ganhou a confiança de Elisson e pediu para usar sua conta bancária, alegando problemas com transferências.
Com a chave Pix dele, Clícia criou um perfil “Foca” e extorquiu vítimas, mas sem Elisson saber que estava recebendo depósitos de origem criminosa, através de Clícia.
Durante a busca na casa de Cris Luan, um novo perfil “Foca” foi encontrado no celular de sua companheira, Ketelen de Oliveira Frota, que foi interrogada no dia 14 de março.
A segunda fase da operação aconteceu na terça-feira (18/03) e culminou nas prisões preventivas para todos os envolvidos, exceto Elisson, cuja prisão teve revogação. Os policiais capturaram Clícia Mar, em Borba, e Ketelen e Moisés, que seguia foragido, em Manaus.
Jogos de azar
Além dos crimes de difamação e extorsão, o grupo também recrutava pessoas interessadas em jogos de azar on-line, como o “Jogo do Tigrinho”.
Procedimentos legais
Os suspeitos enfrentarão acusações de associação criminosa, extorsão, estelionato, calúnia, difamação, injúria, propaganda enganosa, crime contra as relações de consumo e contravenção penal relacionada a jogos de azar.