Após dois dias de obstrução liderada por deputados da oposição, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos‑PB), retomou o comando do plenário. Na noite desta quarta-feira (6), o ato marcou o desenlace do impasse que bloqueou as atividades da Casa e contou com protestos contínuos de bolsonaristas.
No início da sessão, houve resistência à tentativa de Motta de iniciar os trabalhos parlamentares. Apesar de constrangimentos, o presidente acabou ocupando a cadeira e abriu os trabalhos, que foram concluídos após sua fala.
“País deve importar mais do que interesses partidários”
Em um discurso de cerca de 10 minutos, Hugo Motta criticou a obstrução física feita pela oposição. Ele afirmou que ela “não fez bem à Casa” e não condiz com a trajetória histórica da Câmara.
“A oposição tem direito de se manifestar, mas esses movimentos desviam do respeito institucional”, destacou Motta, ressaltando que sempre defendeu as prerrogativas do mandato e a independência do Parlamento.
Além disso, ele deixou claro que não negociará a Presidência da Câmara e alertou que não aceitará que a obstrução se torne maior que as próprias instituições do Legislativo. Motta reforçou sua crença no diálogo como instrumento de conciliação.
Oposição segue impasse e exige pautas controversas
Desde a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, oposicionistas — em especial integrantes da bancada bolsonarista — têm ocupado a Mesa Diretora da Câmara em protesto. Entre os protestos, líderes usaram esparadrapos na boca, e a deputada Júlia Zanatta (PL‑SC) chegou a levar a filha de 4 meses ao plenário, sentando na cadeira presidencial por horas.
Os opositores condicionam a saída da Mesa à inclusão das pautas de anistia aos investigados dos atos de 8 de janeiro, impeachment do ministro Alexandre de Moraes e o fim do foro privilegiado — temas que, segundo eles, devem ser votados imediatamente. Motta, no entanto, manteve a reconvocação da sessão e estabeleceu regras para suspender o mandato de quem persistir na obstrução.
Sessão retomada com ameaças de suspensão de mandatos
Motta convocou uma sessão extraordinária para as 20h30 desta quarta. Ele advertiu que a Polícia Legislativa irá retirar deputados que continuarem ocupando a Mesa. Além disso, o presidente da Câmara ameaçou suspensão de mandatos e encaminhamento do processo ao Conselho de Ética.
Mesmo diante da falta de adesão da oposição à reunião de líderes convocada, o presidente reforçou que o Parlamento deve voltar a cumprir seu papel institucional com serenidade, ordem regimental e pauta pro-país, alinhada com o interesse coletivo e a estabilidade democrática.