O secretário municipal de Comunicação, Israel Conte, esteve nesta quarta-feira (20), no plenário da Câmara Municipal de Manaus (CMM). Ele foi se colocar à disposição dos vereadores que também querem esclarecer o vídeo veiculado semana passada e que ataca a pasta que ele comanda.
Uma suposta sacola com valor em espécie é supostamente entregue na sede da Semcom, em uma sequência de imagens com trechos confusos, sem continuidade, com fortes indícios de manipulação.
O vídeo, sem procedência conhecida, foi publicado pelo portal Metrópoles no dia (14/03). No mesmo dia, o secretário determinou imediata apuração do caso, para saber em que circunstâncias a gravação foi realizada.
“O que vimos na semana passada foi um vídeo de ataque. Vários vereadores aqui já foram vítimas de algum tipo de perseguição, de ataque e de fake news, sobretudo nesse momento em que nos aproximamos das eleições. Se há denúncia, as respostas virão. Toda mentira tem perna curta”, ressaltou Raulzinho.
O vereador Elan Alencar foi enfático ao questionar a veracidade da publicação, ressaltando a necessidade da apuração isenta do caso.
“Se o prefeito David Almeida, se a Prefeitura de Manaus for dar atenção a qualquer portal ou notícia fake, ninguém trabalha. Qualquer vídeo de 30 segundos vira uma lacração e muda a opinião pública. A gente tem que ter responsabilidade. A gente fica aqui sendo julgado por portais que nem de Manaus são. (Esse mesmo portal) já atacou até o próprio colega vereador Carpê”, afirmou Elan.
Cautela
O vereador Mitoso enfatizou que o momento é de avaliação e requer cautela, para evitar julgamento precipitado. “Às vezes a gente incorre em erros quando julga alguém precipitadamente. Lamentavelmente, algumas pessoas já estão fazendo juízo de valor. O secretário veio com muita humildade, sem protocolarmos qualquer requerimento. Pelas informações que tenho, ele já pediu um laudo pericial dessa peça e tudo será esclarecido, não a mim, mas a todos dessa Casa legislativa”.
Ao final dos discursos sobre o tema, o vereador Gilmar Nascimento argumentou que os vereadores da Casa têm o compromisso em manter o respeito e urbanidade, com o dever fundamental de ajudar a administrar a cidade de Manaus e, como representantes do povo, e não juízes, impedir que ataques gratuitos maculem a imagem de pessoas.
Ataques sistemáticos
“A Casa que representa o povo de Manaus deve dar o exemplo de maturidade, de sabedoria. Quando você vê uma fake news, (partindo) de pessoas inescrupulosas, de pessoas que procuram destruir as outras… não suportamos mais. Manaus quer uma campanha com proposituras, com seriedade”, acrescentou Nascimento, fazendo referência aos ataques que a gestão tem sofrido com a proximidade da campanha eleitoral.
Na véspera do Natal passado, o prefeito de Manaus, David Almeida, foi vítima de uma deepfake. Foi uma uma fake news com uso de inteligência artificial, a primeira do País contra um gestor .
Na ocasião, um áudio fabricado com a voz do prefeito proferia xingamentos aos professores.
O caso é investigado pela Polícia Federal, em inquérito que já resultou em operação com buscas e apreensões, incluindo em uma agência de publicidade local, que já teve políticos como clientes.
Documento da Smart Perícias
A Smart Perícias, empresa paranaense com sede em Maringá, que é considerada a maior empresa de perícias judiciais e extrajudiciais do Brasil, com mais de mil peritos em seus quadros e abrangendo mais de 30 áreas de atuação e especialização na produção de laudos periciais, acaba de divulgar laudo contestando a veracidade da entrega de uma sacola com dinheiro nas dependências da Secretaria Municipal de Comunicação de Manaus (Semcom). Segundo o documento, há várias manipulações no vídeo divulgado na semana passada.
“Com base nas análises técnicas pericias (…) há de se mencionar, que, o vídeo periciado apresenta um claro trabalho de manipulação audiovisual, visto que apresenta edições em pontos muito específicos, quebras de sequência de imagem e som, interrupções nos planos de imagem, bem como interrupções abruptas de áudio, fato verificado a partir da curvatura das ondas sonoras”, diz o documento.
“O vídeo está longe de constituir um plano sequência, descaracterizando-o como evidência de imagem e som de qualquer tipo, não havendo em nenhum momento do sequencial de imagens a entrega da referida sacola pela atendente ao autor do vídeo, não havendo veracidade técnicas e legal no mesmo ao longo de seus 02.23 minutos”, conclui o laudo.
A perícia foi encomendada pela Semcom e será encaminhada por ela ao Ministério Público e à Polícia Civil, para colaborar com as investigações.
Veja o documento, na íntegra:
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