Após a oposição reunir os 262 apoios necessários para pautar a urgência do projeto de lei da anistia — cinco a mais que o mínimo — líderes da Câmara passaram a admitir dificuldades para barrar o avanço da proposta.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), discutirá o tema com os líderes partidários em reunião marcada para 24 de abril.
Aliados de Motta reconhecem que a estratégia do PL de buscar votos individualmente pode funcionar. Sem apoio dos líderes no início, o partido procurou deputados diretamente e conseguiu protocolar o pedido de urgência.
O número de apoios pode aumentar, especialmente se Motta pautar a urgência com o aval dos líderes, o que daria mais segurança a parlamentares ainda indecisos. O PL mira agora 308 votos — número exigido para aprovar uma PEC — como forma de demonstrar força.
Na terça-feira (15), Motta sinalizou que a decisão será coletiva:
“Democracia é discutir com o Colégio de Líderes as pautas que devem avançar. Ninguém decide nada sozinho. É preciso responsabilidade com o cargo e com o impacto das pautas nas instituições e na população”, escreveu no X (antigo Twitter).
A declaração foi vista como preparação para levar o tema ao plenário, dividindo o ônus político com os líderes partidários.
Com receio de arcar sozinho com o custo político, aliados de Motta defendem que ele se alinhe com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Embora Alcolumbre ainda não tenha dado prioridade ao projeto, a eventual aprovação na Câmara pode aumentar a pressão sobre o Senado.