A dois dias da entrada em vigor das novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, em entrevista ao jornal The New York Times, que o Brasil negociará como país soberano e não aceitará ser envolvido em uma nova Guerra Fria contra a China.
De acordo com Lula, as tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros são motivo de preocupação econômica e tecnológica, mas o Brasil não aceitará negociar como país submisso.
“O Brasil negociará como um país soberano. Não vamos abaixar a cabeça nem estufar o peito. Vamos buscar equilíbrio, respeito mútuo e diálogo entre Estados”, afirmou o presidente.
Todavia, ele também destacou que, se houver aplicação das tarifas como retaliação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, então os consumidores dos dois países pagarão o preço.
Sem diálogo com Washington, diz Lula
Lula revelou que tentou estabelecer canais diplomáticos com o governo norte-americano, designando ministros e enviando uma carta formal em 16 de maio. No entanto, segundo ele, a única resposta foi a publicação do tarifaço no site de Donald Trump.
“Espero que a civilidade retorne à relação Brasil-EUA. O tom da carta dele é de quem não quer conversar”, disse o presidente.
Brasil se recusa a entrar em Guerra Fria com a China
Questionado sobre o posicionamento frente à disputa comercial entre Estados Unidos e China, Lula foi claro:
“Se eles quiserem uma Guerra Fria, não aceitaremos. O Brasil venderá para quem quiser comprar e pagar melhor. Não tenho preferência, tenho interesse.”
Ademais, a China afirmou que está pronta para trabalhar com o Brasil na defesa de um comércio multilateral justo, criticando as tarifas impostas por Trump.