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22 de novembro de 2024
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Mais de 28 mil pessoas em vulnerabilidade receberam alimentação adequada durante a pandemia

Fotos – Leonardo Leão / Semasc
Fotos – Leonardo Leão / Semasc

Com o conhecimento de que a alimentação é fator preponderante para a imunidade e item importante na garantia da qualidade de vida, a Prefeitura de Manaus ofereceu 28.089 refeições a pessoas em vulnerabilidade social nas cinco Cozinhas Comunitárias gerenciadas pela Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc). O dado é referente ao período de agravamento da crise causada pelo novo coronavírus, a partir da segunda quinzena de março até o último dia de abril.

“De março para abril, nós registramos um aumento de mais de 3,1 mil refeições nas nossas Cozinhas Comunitárias. São pessoas que, com os efeitos econômicos da Covid-19, buscaram a alimentação de qualidade oferecida de forma gratuita nos nossos espaços. Além de manter as cozinhas em funcionamento, nossas pastas ligadas à assistência social também estão reforçando a entrega de cestas básicas e atendimentos às pessoas em situação de rua”, destacou o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto.

Tido como serviço essencial, a Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) manteve a distribuição de refeições diárias desde o início do isolamento social, de segunda a sexta-feira, para públicos diversos, dentre eles idosos, crianças e adultos, sendo a maioria pessoas em situação de rua.

“Quero aqui destacar o trabalho realizado pelas equipes das Cozinhas Comunitárias, uma equipe valorosa e compromissada, que atua com carinho e zelo. Esse é um trabalho tão bonito e tão essencial que a prefeitura presta à cidade de Manaus, seguindo as orientações do prefeito Arthur Neto e da primeira-dama e presidente do Fundo Manaus Solidária, Elisabeth Valeiko Ribeiro”, ressaltou a secretária da Semasc, Conceição Sampaio.

Localizadas nos bairros Colônia Oliveira Machado, Vila da Felicidade, Colônia Antônio Aleixo, Santo Agostinho e Val Paraíso, as estruturas alimentam, em média, mais de mil pessoas por dia nas comunidades carentes da capital. Em janeiro deste ano, foram oferecidas 12.266 refeições; em fevereiro foram 11.361 refeições; enquanto em março (quando se registraram os primeiros casos de coronavírus) esse número subiu para 16.651 refeições; e mais ainda em abril, que fechou o mês com um total de 19.764 refeições oferecidas.

A coordenadora da Cozinha Comunitária do Santo Agostinho, zona Oeste, Leandra Amorim, revelou que, em meio à pandemia, a procura pelas refeições aumentou e que foi preciso alterar a rotina do local para garantir o atendimento aos usuários do serviço.

“Nós atendemos diariamente 200 pessoas, mas devido a pandemia tivemos uma procura maior, houve dias que foi preciso ofertar 250 refeições. Quanto à rotina da cozinha, antigamente a gente abria às 11h, eles sentavam, o salão ficava cheio e outras pessoas ficavam esperando lá fora até abrir vaga para entrar. Agora fazemos uma fila do lado de fora, com distanciamento, e entregamos as refeições para cada um”, contou Leandra.

Satisfação

O relógio marca 10h45, no salão da Cozinha Comunitária do Santo Agostinho, as refeições estão prontas, o cardápio do dia é farto: pernil, feijão, macarrão, arroz e maionese. A sobremesa, bolo e din-din. Na fila, dezenas de pessoas esperando a distribuição das quentinhas, um novo jeito de servir para não causar aglomeração. Antes da refeição, eles agradecem pelo alimento todos os dias, rotina frequente nos espaços de segurança alimentar e nutricional da prefeitura.

Marcos Rodrigues, 38, viúvo, desempregado e pai de quatro meninos, há dois meses usa o serviço de distribuição de refeições, desde o início do isolamento social, período em que os serviços de pedreiro que ele prestava em conjuntos e condomínios começaram a ficar escassos. “Se não fosse esse serviço, estaria muito pior. O custo para manter uma família de cinco pessoas é muito alto. Aqui eu tenho o almoço garantido e depois faço bicos pela manhã e à tarde, para garantir o jantar. Um ou outro vizinho se solidariza e me ajuda. Eu vou confessar que já chorei várias vezes de madrugada antes de conseguir o cadastro nessa cozinha”, contou emocionado.

Marcos espera, em breve, estar em melhores condições para deixar a fila dos que buscam o alimento e passar para a fila dos que colaboram com a cozinha. “O serviço é gratificante demais. Espero que nunca acabe. Espero que daqui a alguns dias eu não precise e dê vaga para outras pessoas. E, se um dia eu tiver oportunidade, eu volte aqui para colaborar, em vez de ser mais um na fila, que seja mais um a ajudar”, disse.

O cabelo vermelho e a brancura da pele chamam a atenção. Jaciane da Silva, 35, é portadora do albinismo, tem dois filhos e atua como vendedora. Assim como Marcos, ela não fazia a utilização do serviço de distribuição de refeições, mas com o “aperto” causado pela pandemia na economia passou a ser usuária da Cozinha Comunitária há um mês. “Esse serviço é muito necessário, principalmente para quem paga aluguel e precisa se manter. Agradeço muito, se não fosse esse serviço eu não sei como estaria”, disse.

O dom de servir

A rotina começa cedo, 6h30. As cozinheiras Raimunda Siqueira, 55, e Conceição Rodrigues, 44, e outros funcionários dão início à rotina, que segue até as 14h. Coloca feijão no fogo, faz arroz, corta verdura e tempera a carne, tudo é feito com carinho e a atenção necessária com a higiene. Servir é um dom e é assim que Raimunda e Conceição fazem todos os dias, deixam a família, em meio à crise, para servir os mais necessitados.

Raimunda trabalha como cozinheira há três anos, sendo dois na Cozinha Comunitária do Santo Agostinho. Ela mora com quatro filhos e dois netos e, de acordo com ela, o sentimento ao cozinhar para a população carente é de felicidade. “Eu me sinto feliz em cozinhar para eles. Antes já era satisfatório, agora é mais ainda, nesse momento em que estamos enfrentando uma pandemia. Fazemos a comida com carinho e amor, para servir e alimentar eles”, comentou.

O caso de Conceição não é diferente, o prazer de servir o próximo está enraizado em quem atua com a assistência social. Mesmo sendo a única com emprego na casa onde moram ainda o esposo, o filho e o neto, ela não abre mão da satisfação em prestar solidariedade aos moradores do bairro em que mora há 20 anos. “Às vezes, as pessoas não têm o que comer em casa, então elas dependem dessa refeição. A maioria das pessoas está desempregada, então eu fico muito feliz que tenham o que comer aqui com a gente. Quando venho trabalhar, fico pensando que vamos fazer muitas pessoas felizes com esse alimento”, concluiu com os olhos marejados, ainda que a touca e a máscara cobrissem boa parte do rosto.

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