Morreu na tarde desta quinta-feira (15), em Manaus, aos 103 anos, o empresário e ex-combatente da 2ª Guerra Mundial, Mário Expedito Neves Guerreiro. Ele foi pioneiro da industrialização das fibras na Amazônia e um dos 160 amazonenses que foram para a Itália participar do maior conflito armado da história.
Conforme Juliana Guerreiro Monteiro de Paula, neta de Mário Guerreiro, ele morreu às 16h55 de causas naturais, na casa onde morava com a família na capital do Amazonas. “Ele foi guerreiro no nome e na vida”, disse.
O velório do empresário está marcado para acontecer a partir das 9h desta sexta-feira (16), no salão paroquial da Igreja Nossa Senhora de Nazaré, bairro Adrianópolis, Zona Centro-Sul. O sepultamento está marcado para as 16h, no Cemitério São João Batista.
Guerreiro nasceu em Manaus, mais precisamente no bairro Villa Municipal (atual Adrianópolis), no sítio de sua avó. Seu pai era contador do extinto jornal Correio do Norte e faleceu quando Mário tinha 10 anos, sendo criado pela mãe e tia.
Em 1940, ele começou a trabalhar como datilógrafo em São Paulo. Em 1942, ele se apresentou à praça no Exército e foi convocado para guerra em 1943.
No dia 22 de setembro de 1944, ele embarcou para o teatro de operações da Itália para lutar na Segunda Guerra Mundial. Ele voltou ao Brasil em 1945, e voltou a trabalhar em São Paulo, na mesma empresa em que atuava antes da guerra.
Mário se casou em maio de 1948, em Manaus, com Thereza. Mas só voltou a morar na capital amazonense em 1951, para assumir o cargo de diretor-superintendente do Hotel Amazonas. Em 1954, ele se formou Bacharel em Direito e obteve a inscrição de número 154 na Ordem dos Advogados Seccional Amazonas (OAB-AM).
Como empresário, Mário Guerreiro foi considerado pioneiro na industrialização na Amazônia, em 1951 fundou, juntamente com Adalberto Valle, a Brasiljuta, a maior empresa do setor nas Américas.
A companhia de tecelagem se destacou pela elevada geração de empregos, antes da criação da Zona Franca de Manaus (ZFM). Em 40 anos de atividades, 54 mil pessoas trabalharam na empresa, que mantinha prensas em Itacoatiara, Manacapuru, Parintins, Codajás e Castanhal, no Pará, além de fábricas em outros cinco Estados.
Ele também foi o primeiro presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) e presidiu a Associação Comercial do Amazonas (ACA), logo após a criação da ZFM e também ocupou a presidência do Banco do Estado do Amazonas (BEA), que ajudou a expandir para o interior.
Uma das suas maiores conquistas foi implantar e dirigir o Instituto de Fomento à Produção de Fibras Vegetais da Amazônia (Ifibram) e o Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem de Manaus.
Mário Guerreiro também atuou decisivamente para a instalação da Refinaria de Manaus, uma parceria do grupo Prudência e Capitalização com o empresário Isaac Sabbá, inaugurada em 1957, pelo presidente Juscelino Kubistchek.
Como representante do setor industrial, Mário Guerreiro também ocupou por diversas gestões, a presidência da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam).
Em 2021, aos 100 anos de idade, Mário Guerreiro venceu a Covid-19, após passar 40 dias internado com a doença.
Na época, a família de Mário não encontrou leitos disponíveis na rede privada de Manaus, pois foi o período que a cidade viveu cenas de caos por superlotação de unidades e falta de oxigênio.
Com informações do G1 AM***