Um novo naufrágio ocorrido entre a Venezuela e Trinidad e Tobago deixou pelo menos 14 mortos, incluindo três crianças e um número indeterminado de desaparecidos, informou um deputado da oposição venezuelana com base em um relatório policial.
Durante uma patrulha rotineira, um barco da Guarda Costeira da Venezuela encontrou no sábado os primeiros 11 cadáveres a 7 milhas náuticas (13 km) da costa de Güiria, uma cidade remota no estado de Sucre (noroeste), de onde normalmente saem barcos com venezuelanos que tentam migrar para Trinidad e Tobago.
“Hoje (13), em acompanhamento aos acontecimentos ocorridos, encontramos 3 mortos na praia, 2 homens adultos e 1 mulher”, informou o Ministério de Relações Internas da Venezuela em nota
O governo venezuelano destacou que “até agora não se sabe se algum cidadão manifestou o desaparecimento de um familiar”, e não confirmou as estimativas de pessoas a bordo do barco que naufragou.
A Guarda Costeira de Trinidad e Tobago disse anteriormente que informações preliminares sugeriam que o barco partiu “em 6 de dezembro com mais de 20 pessoas” a bordo, de acordo com um comunicado.
No entanto, nem a polícia judiciária, nem o governo central respondeu aos pedidos da AFP para confirmar o incidente. O deputado da oposição Robert Alcalá, que representa o estado de Sucre, disse, com base em um boletim de ocorrência a que teve acesso, que os corpos estavam amarrados uns aos outros, aparentemente porque as pessoas tentaram se proteger no meio das ondas fortes, e em estado avançado de decomposição.
Os corpos foram transferidos para um cais da Guarda Nacional em Güiria e de lá para um necrotério na capital do estado, Cumaná, para identificação.
De acordo com o boletim que o legislador enviou à AFP, os corpos de quatro mulheres, quatro homens, dois meninos e uma menina foram resgatados no sábado.
Mais de cem venezuelanos desapareceram nesta perigosa travessia entre 2018 e 2019, destacou Alcalá, que denuncia a existência de máfias de tráfico de pessoas entre a Venezuela e Trinidad e Tobago.
O parlamentar argumenta que as viagens ilegais a Trinidad e Tobago não foram interrompidas devido à cumplicidade das autoridades, que permitem as saídas clandestinas, muitas vezes em barcos precários e com excesso de peso.
“Todas as forças de segurança estão na tarefa de investigar esses eventos, então não descartamos que haja uma ligação com as gangues criminosas da área”, disse o Ministério do Interior em seu comunicado.
Em 28 de novembro, as autoridades de Trinidad e Tobago deportaram 160 venezuelanos depois de acusá-los de entrar “ilegalmente” no país, poucos dias depois de uma polêmica repatriação por mar que incluía 16 menores.
A ONU estima que mais de cinco milhões de venezuelanos deixaram seu país desde 2015, forçados pela crise econômica e social, dos quais cerca de 25.000 escolheram Trinidad e Tobago como destino.
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