O impasse entre Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas (SEFAZ), sob comando de Alex Del Giglio, e a Secretaria de Saúde do Am, gerida por Anoar Samad, continua atrasando o salário de trabalhadores terceirizados. Além da falta de pagamentos prejudicar a saúde dos pacientes, funcionários denunciam a falta de materiais de limpeza, inclusive de um mísero papel toalha.
Uma funcionária ligada a empresa Limpamais Serviços de Limpeza LTDA, e que atua numa maternidade pública em Manaus, relatou que faltavam materiais de limpeza durante uma operação de parto. Além de estar com dois meses de salário atrasado, ela conta que falta até papel toalha para as enfermeiras.
“A supervisora ligou e disse que só terá papel toalha no banco de leite e no posto da enfermeira. Isso quer dizer que não poderei deixar o material para as enfermeiras. Isto é falta de humanidade, pois um ambiente sujo põe a vida dos profissionais em risco”, disse.
Além da falta de higiene, a funcionária reclamou que duas enfermarias estavam com os ares-condicionados cheios de gelo e, consequentemente, alagando as salas. A funcionária também relata as dificuldades para manter a higienização no Centro Cirúrgico e Obstétrico.
“Há uma semana atrás, eu tinha que ficar puxando água o tempo inteiro e se eu não fizesse era chamada atenção. Quem enxuga gelo? […] Não podemos fazer muita coisa. O saco certo para pôr na lixeira Inox é branco, mas já estamos usando o vermelho, pois o saco de lixo branco necessário é de 200 litros e nesta cor só há de 100, ainda insuficiente”, finaliza.
E, quando a falta de funcionários não leva um paciente a óbito, a inércia do estado agrava o quadro de saúde dos amazonenses.
Fernanda relata que a filha já fez uma laparotomia (abertura cirúrgica da cavidade abdominal) no mês de janeiro, contudo, a falta de profissionais impediu os procedimentos médicos no Pronto Socorro da Criança, localizado na zona Sul de Manaus. A menina de 7 anos sente muitas dores abdominais e pélvicas.
Impasse perto do fim?
A fim de solucionar a crise instalada na saúde, o Ministério Público do Amazonas (MPAM), por meio do Grupo de Trabalho (GT), realizou uma reunião no último dia 8 de fevereiro. Estiveram presentes os representantes da SES-AM, SEFAZ-AM e Procuradoria Geral do Estado (PGE-AM).
O Ministério Público cobra um plano emergencial para quitar débitos de fornecedores e prestadores de serviços de saúde nos hospitais e fundações do estado. O prazo para para a solução é de 20 dias úteis, contados a partir de 08/02.
A SES-AM, por sua vez, enviará um levantamento de todos os débitos na Saúde referentes ao ano de 2023 à SEFAZ. Já a Secretaria de Fazenda será encarregada de elaborar um cronograma de pagamento. Receitas correntes e possibilidade de incremento de receitas extraordinárias para suprir a demanda apresentada serão consideradas.
O trabalho conjunto será, por sua vez, remetido à PGE-AM para finalização e apresentação da solução ao Grupo de Trabalho do MPAM.