Uma expedição científica reuniu organizações internacionais para realizar registros de avistagem de botos ao longo do rio Amazonas-Solimões. O objetivo foi dimensionar as populações dos animais ao longo de um trecho transfronteiriço de quase mil quilômetros que abrangeu Brasil, Peru e Colômbia.
O trabalho, realizado por 11 pesquisadores, faz parte da Iniciativa para os Botos da América do Sul (SARDI, da sigla em inglês), e contou com a participação do Instituto Mamirauá (Brasil), WWF, Fundação Omacha (Colômbia), e Solinia (Peru).
A viagem começou no dia 9 de janeiro em Iquitos, no Peru, passou por Letícia, na Colômbia, e foi finalizada em Santo Antônio do Içá, no Brasil, no dia 18 de janeiro.
O objetivo do projeto a longo prazo é verificar se a população dos cetáceos de água doce, o boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) e o tucuxi (Sotalia fluviatilis), estão em número estável, declínio ou aumento.
“A Amazônia tem rios com distintas categorias, como cor e química da água, vegetação, volume de recurso pesqueiro, e, portanto, é necessário amostrarmos diversos cursos d´água para termos um panorama mais completo das abundâncias de botos em toda a bacia”, explica Miriam Marmontel, líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá, organização social fomentada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC.)
Os resultados ainda são preliminares e os números aproximados de 400 botos e 300 tucuxis ainda serão analisados para obter valores de abundância estimada no trecho amostrado.
Segundo a pesquisadora, os resultados se inserem na média geral de expedições prévias.
Uma das curiosidades, relata Miriam, foi que no Peru e na Colômbia os cientistas avistaram mais boto-cor-de-rosa em comparação ao tucuxi, normalmente de mais fácil avistagem pelo comportamento de saltar.
Atualmente, o boto-cor-de-rosa sofre perigo de extinção, classificação dada pela lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês).
O grupo de pesquisadores também avaliou sinais de ameaças, como a presença de redes de pesca e indícios da pressão da caça de botos para usá-los como isca do peixe piracatinga.
“Vimos poucas redes, sem grandes sinais de ameaça, o que é um bom sinal”, diz a especialista.